terça-feira, novembro 08, 2022

Tendências longas e eternos retornos

 

Os povos que habitam os países frios, especialmente os da Europa, são pessoas de coração, mas têm pouca inteligência e poucos talentos. Mantêm-se melhor em liberdade, pouco civilizados, de resto, e incapazes de governar os seus vizinhos.

Os Asiáticos são mais inteligentes e mais dados às artes, mas nada corajosos, por isso mesmo quase todos sujeitos e sempre sob o poder de algum senhor.

Aristóteles 

Tratado da Política, 2ª ed., Edições Europa-América, 2000, pág. 109-110.

 

Hoje, sorrimos ao lermos estas considerações de Aristóteles, mas há tendências longas, que parecem impossíveis de contrariar no espaço de um só século, e por muita agitação que ocorra, no fim, os povos retornam sempre à linha que percorrem desde tempos imemoriais. Muitos são os povos da Ásia que voltaram a acoitar-se à sombra do “poder de algum senhor”, sujeitando-se a um imperador, déspota ou ditador. São povos incapazes de tomar o destino nas suas próprias mãos e de se revoltar. Em vez disso, fogem se a situação política se tornar adversa. Tivemos, pois, debandadas em vez de revoltas, na Rússia, quando o imperador Putin, o mafioso, decidiu mobilizar os seus concidadãos para uma guerra numa terra estranha. Em relação a muitos povos da Ásia, passados todos estes anos de experiências políticas ao longo do século XX, o que vemos? O regresso do imperador Xi, do imperador Putin, do imperador Kim, do sultão Erdogan, já não falando dos déspotas e reis que ainda ocupam o poder nos países do Médio Oriente e do Golfo Pérsico, em conformidade com uma linha que remonta à origem dos tempos.

 

No Ocidente as coisas não se passaram assim.

segunda-feira, outubro 24, 2022

Partidas

 

Adriano Moreira (1922-2022)


Sem dúvida, é um dos nossos melhores que parte. Um venerando sábio.

segunda-feira, setembro 05, 2022

A imagem dos deuses e o “princípio antrópico”

 «Homero e Hesíodo atribuíram aos deuses todas as coisas que são vergonha e desgraça entre os mortais: roubos, adultérios, enganar o próximo…Os mortais acreditam que os deuses são formados à sua imagem e semelhança e usam roupas como as deles, e voz, e forma…sim, e se os bois, os cavalos ou os leões tivessem mãos, e pudessem pintar com elas, e produzir obras de arte como os homens, os cavalos pintavam deuses com forma de cavalos, e os bois de bois e faziam-lhes os corpos segundo os da própria espécie…Os etíopes representam os seus deuses pretos e de nariz achatado; os trácios dizem que  os deuses têm olhos azuis e cabelo ruivo.»

 

Xenofonte

 

citado por Bertrand Russel, Pensamento e Comunicação, Correspondência (1950-1968), Brasília Editora, 1971, p. 181.

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Terá sido o universo a criação de um deus que o programou para que evoluísse de forma a que, a dada altura, estivessem reunidas as condições para o surgimento do Homem? (o que designam por “princípio antrópico”) Não creio.  Já uma evolução do universo programado para o surgimento de vida inteligente, ou seja, com capacidade de se questionar sobre a sua própria origem, existência e de um criador, é uma hipótese a considerar.

 

O “princípio antrópico” é uma vaidade, como atesta Xenofonte.

quarta-feira, agosto 31, 2022

Gorbachev

 

Mikhail Gorbachev (1931 – 2022)


Por alguns anos o céu aligeirou-se da ameaça de uma chuva nuclear, tudo graças a Gorbachev, homem imune ao apelo da “grandeza” – a grandeza da América, a grandeza da Rússia, a grandeza da França, a grandeza do Reino Unido, a grandeza disto e a grandeza daquilo, com que certos políticos enchem a boca para justificar determinadas opções de domínio do espaço, iludidos na vanglória de mandar. Mereceu o Prémio Nobel da Paz.

Mas o alívio que trouxe aos céus durou pouco mais de uma década. Putin encarregou-se de fazer regressar o terror nuclear, justificando-se com as linhas vermelhas que a O.T.A.N. ultrapassou na sua aproximação às fronteiras da Rússia.

Partiu Gorbachev, fica o equilíbrio do terror, agora mais periclitante.

domingo, agosto 28, 2022

Verde

 


       Praia Verde                                                                                   AMCD ©


quinta-feira, agosto 25, 2022

Assombro

 

Richard Powers, Assombro, Editorial Presença, 2022


Leitura interrompida e abandonada na página 174.

Foz do Lizandro

 


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Lizandro, lizardo, lagarto. Cá pra mim é Foz do Lizardo.

quarta-feira, agosto 24, 2022

Rocha

 

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terça-feira, agosto 23, 2022

O que aí vem não é nada bom

 

O terceiro rio mais extenso do planeta, o mais extenso da Ásia, convertido num ribeiro seco. O que está a acontecer não é um fenómeno local ou regional, frequente nas regiões desérticas ou mediterrânicas, no Verão. É um fenómeno planetário. É preocupante. Mas estaremos verdadeiramente tão preocupados como deveríamos estar? 

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