Nestes dias
Em que as sombras se alongam,
Chove sempre a melancolia.
Uma chuva miudinha.
Ismael busca o navio no porto.
Na urgência de partir.
Regressará na Primavera,
Quando os dias explodirem.
Então far-se-á luz.
Então far-se-á cor.
Nestes dias
Em que as sombras se alongam,
Chove sempre a melancolia.
Uma chuva miudinha.
Ismael busca o navio no porto.
Na urgência de partir.
Regressará na Primavera,
Quando os dias explodirem.
Então far-se-á luz.
Então far-se-á cor.
Consegue ver com mais clareza e lucidez, aos 93 anos, do que muitos comentadores da nossa praça.
Os povos que habitam os países
frios, especialmente os da Europa, são pessoas de coração, mas têm pouca
inteligência e poucos talentos. Mantêm-se melhor em liberdade, pouco
civilizados, de resto, e incapazes de governar os seus vizinhos.
Os Asiáticos são mais inteligentes e mais dados às artes, mas nada corajosos, por isso mesmo quase todos sujeitos e sempre sob o poder de algum senhor.
Aristóteles
Tratado da
Política, 2ª ed., Edições Europa-América, 2000, pág. 109-110.
Hoje, sorrimos ao lermos estas
considerações de Aristóteles, mas há tendências longas, que parecem impossíveis
de contrariar no espaço de um só século, e por muita agitação que ocorra, no
fim, os povos retornam sempre à linha que percorrem desde tempos imemoriais. Muitos são os povos da
Ásia que voltaram a acoitar-se à sombra do “poder de algum senhor”, sujeitando-se a um imperador, déspota ou ditador. São povos incapazes de tomar o destino nas suas
próprias mãos e de se revoltar. Em vez disso, fogem se a situação política se
tornar adversa. Tivemos, pois, debandadas em vez de revoltas, na Rússia, quando
o imperador Putin, o mafioso, decidiu mobilizar os seus concidadãos para uma guerra
numa terra estranha. Em relação a muitos povos da Ásia, passados todos estes anos
de experiências políticas ao longo do século XX, o que vemos? O regresso do
imperador Xi, do imperador Putin, do imperador Kim, do sultão Erdogan, já não
falando dos déspotas e reis que ainda ocupam o poder nos países do Médio
Oriente e do Golfo Pérsico, em conformidade com uma linha que remonta
à origem dos tempos.
No Ocidente as coisas não se passaram assim.
«Homero e Hesíodo atribuíram aos deuses todas as coisas que são vergonha e desgraça entre os mortais: roubos, adultérios, enganar o próximo…Os mortais acreditam que os deuses são formados à sua imagem e semelhança e usam roupas como as deles, e voz, e forma…sim, e se os bois, os cavalos ou os leões tivessem mãos, e pudessem pintar com elas, e produzir obras de arte como os homens, os cavalos pintavam deuses com forma de cavalos, e os bois de bois e faziam-lhes os corpos segundo os da própria espécie…Os etíopes representam os seus deuses pretos e de nariz achatado; os trácios dizem que os deuses têm olhos azuis e cabelo ruivo.»
Xenofonte
citado por Bertrand Russel, Pensamento e Comunicação, Correspondência
(1950-1968), Brasília Editora, 1971, p. 181.
Terá sido o universo a criação de um deus que o programou
para que evoluísse de forma a que, a dada altura, estivessem reunidas as
condições para o surgimento do Homem? (o que designam por “princípio
antrópico”) Não creio. Já uma evolução
do universo programado para o surgimento de vida inteligente, ou seja, com capacidade
de se questionar sobre a sua própria origem, existência e de um
criador, é uma hipótese a considerar.
O “princípio antrópico” é uma vaidade, como atesta
Xenofonte.