domingo, setembro 28, 2014

Duas de Harold Bloom


“Um tal leitor [o leitor comum] não lê por prazer fácil ou para expiar culpas sociais, mas para dilatar uma existência solitária.”

Harold Bloom, O Cânone Ocidental, Círculo de Leitores, 5ª ed., 2013, pág. 504.



“O nosso destino comum é a idade, a doença, a morte e o esquecimento. A nossa esperança comum, ténue mas persistente, encontra-se numa qualquer versão da sobrevivência.”

Harold Bloom, O Cânone Ocidental, Círculo de Leitores, 5ª ed., 2013, pág. 509.

sábado, setembro 27, 2014

Bobi e Tareco alistam-se no Estado Islâmico

Notícia de primeira página do Correio da Manhã: "De colégio de freiras para radical na Síria".

Já só falta noticiar que o Bobi e o Tareco, fartos do dono, partiram para a Síria para se alistarem no Estado Islâmico.

Não há pachorra!

Patético!

Os homens e as mulheres da nossa oposição comprazem-se na intriga e no fogo-de-artifício, parecendo não dispor de outros argumentos para derrotar politicamente o primeiro-ministro.

Se querem derrotá-lo, pois que o derrotem na arena da política e não na arena da intriga. Dá mostras de fraqueza a oposição que parece nada mais encontrar no seu argumentário do que os possíveis tostões ou milhões que então um mero deputado eventualmente possa ter ganho, legalmente ou ilegalmente, há cerca de treze anos atrás, quando o presente que importa se encontra repleto de problemas que os portugueses anseiam ver resolvidos. Questões judiciais e criminais são para a polícia e para os tribunais. Os políticos deviam ocupar-se com o cerne da política.

Não-lugares

“Os não-lugares são tanto as instalações necessárias à circulação acelerada das pessoas e dos bens (vias rápidas, nós de acesso, aeroportos) como os próprios meios de transporte ou os grandes centros comerciais, ou ainda os campos de trânsito prolongado onde são arrebanhados os refugiados do planeta. Porque vivemos uma época, também sob este aspecto, paradoxal: no próprio momento em que a unidade do espaço terrestre se torna pensável e em que se reforçam as grandes redes multinacionais, aumenta de volume o clamor dos particularismos; dos que querem ficar só eles na sua terra ou dos que querem voltar a encontrar uma pátria, como se o conservadorismo de uns e o messianismo dos outros estivessem condenados a falar a mesma linguagem: a da terra e a das raízes.”

Marc Augé, Não-lugares, Introdução a uma Antropologia da Sobremodernidade, 90º, 2007

***

A leitura dos Não-lugares tem sido penosa. O texto é quase intragável. De vez em quando lá aparece um trecho mais inteligível, como o que se cita acima, em que o autor define o conceito de não-lugar. Ao que parece, os não-lugares são sobretudo espaços de trânsito, espaços de circulação e os próprios meios que possibilitam essa circulação. Espaços que rapidamente consumimos e rapidamente descartamos. Espaços de fluxos, de rápida passagem. 

Mas pensando bem, a uma escala mais vasta, a própria Terra - a "nave Terra" que nos transporta - é também um não-lugar! Não está ela, e nós com ela, em trânsito?

Augé refere-se contudo, a um espaço antropológico e não a um espaço astronómico.

domingo, setembro 21, 2014

Ciência e interesses

Não há uma ciência independente, que procure desinteressadamente a verdade. Também a ciência e o cientista precisam de ganhar o seu pão. Também o cientista tem os seus patrões.

Assim, enquanto determinados campos da ciência são desbravados de forma mais célere, para dar resposta às encomendas dos interesses e dos poderes instalados, ao serviço dos quais os cientistas laboram, outros existem que continuam por desbravar, ainda ocultos pelos matagais misteriosos do desconhecido.

sábado, setembro 20, 2014

"Quem está na educação por outra razão que não seja a educação, não pode ser consentido na educação."


Gostei de ler o texto de Helena Damião no blogue Rerum Natura.

A educação não deve ser um negócio ou estar dependente de um negócio. Mas a educação também não deve estar ideológica e unicamente dependente das orientações doutrinárias de um Estado, de uma política partidária ou de uma religião.

Não há filosofia, ciência, cultura ou arte, e até desporto, totalmente independentes de correntes ideológicas ou de outros poderosos interesses, mas é aí, na independência da educação, que reside o ideal educativo. Uma educação unicamente do Estado e para o Estado deseduca (basta que nos lembremos da educação que os nazis "ministravam" nas escolas e universidades - eram muito educados os senhores nazis, não?!). Temos também universidades religiosas que educam à revelia da verdade científica. Na verdade não educam: deseducam! Na verdade nem deviam chamar-se universidades.

A Revolução Industrial e a guerra contra a Terra

Desde a revolução industrial nascida das minas de ferro britânicas, a metalização da sociedade adquiriu ainda uma nova dimensão. Simultaneamente, a exploração do interior da terra dá um salto. Nascem então minas gigantescas que descem até às profundidades mais negras das entranhas da terra. Os mineiros tornam-se o exército-fantasma da civilização industrial – exploradores explorados; os operários da siderurgia tornam-se a tropa de elite do ataque capitalista contra a crosta «avara» da terra. Finalmente, a economia moderna capitaliza todas as riquezas naturais do subsolo e, por milhões de penetrações, de perfurações e de extracções, faz avançar a guerra mineralógica contra a crosta da terra para queimar as riquezas extraídas ou para as transformar em utensílios e em sistemas de armamento. Quotidianamente, as civilizações industriais condenam à morte milhões e milhões de seres vivos e milhões de toneladas de substâncias. Nelas se consuma a relação mantida com a terra pelos senhores saqueadores das civilizações ocidentais.

Peter Sloterdijk, Crítica da Razão Cínica, Relógio D’Água, 2011, p. 444.

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A difusão planetária da industrialização generalizou a guerra contra a Terra. Já não é apenas uma questão entre as civilizações ocidentais e a Terra. Os saqueadores estão por todo o lado e o saque realiza-se já em todos os espaços civilizacionais, incluindo os das civilizações não ocidentais, emuladoras do Ocidente. Com a Revolução Industrial, o saque, que já antes se iniciara, agudizou-se, tornou-se virulento e pandémico. 

domingo, setembro 07, 2014

"...e robots heróicos assim como máquinas infernais «capazes de pensar» saltarão uns sobre os outros..."



Com informação técnica: aqui. ("The big dog future looks bright!")
Progressos recentes: aqui

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