«Começámos uma época de medo. A insegurança voltou a ser um ingrediente activo da política nas democracias ocidentais. Insegurança gerada pelo terrorismo, é claro; mas também, e mais insidiosamente, medo do ritmo incontrolável da mudança, medo de perder o emprego, medo de perder terreno para os outros numa redistribuição de recursos cada vez mais desigual, medo de perder o controlo das circunstâncias e rotinas da nossa vida diária. E talvez, sobretudo, medo de que talvez não sejamos só nós que já não conseguimos moldar as nossas vidas, mas que também que quem manda tenha perdido o controlo, para forças fora do seu alcance.»
Toni Judt, Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos, Edições 70, 2010, p. 203
Ao ler este trecho do excelente texto de Tony Judt, escrito no ano da sua morte, lembrei-me das palavras de João Paulo II, no discurso inaugural do seu pontificado: “Não tenham medo!”. Actual, portanto. Se nos querem amedrontar, sejamos bravos e corajosos. Oponhamos a coragem ao medo. Agora, mais do que nunca.
Coragem contra a repressão. Coragem contra a opressão. Coragem contra a reacção, agora mais forte do que nunca. Coragem contra a supressão do debate democrático. Coragem contra esta política do medo. Coragem para questionar este caminho único que nos querem impor. Coragem para viver.
Sem comentários:
Enviar um comentário