Agradecemos daqui
o destaque que
nos dá o blogue
Maio Maduro Maio. Um blogue que gostamos de ler e no qual descobrimos
excelentes referências e até afinidades de pensamento.
Uma dessas referências, por
exemplo, foi a entrevista ao economista e filósofo Serge Latouche, que não conhecíamos. Latouche escreveu um pequeno livrinho intitulado, Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno.
Dizia Serge Latouche, em 2007,
quando a crise do subprime ainda estava
a eclodir nas antigas cidades de Cleveland e Detroit, no outro lado do
Atlântico:
«A nossa sociedade ligou o seu destino a uma organização fundada na
acumulação ilimitada. Este sistema está condenado ao crescimento. Logo que o
crescimento se atenua ou pára, entramos em crise e até em pânico. Deparamos com
o “Acumulai! Acumulai! É a lei dos profetas!” do velho Marx. Esta necessidade
faz do crescimento um “colete-de-forças”. O emprego, o pagamento de reformas e
a continuidade das despesas públicas (educação, segurança, justiça, cultura,
transportes, saúde, etc.) supõem o aumento constante do produto interno bruto
(PIB). “O único antídoto contra o desemprego permanente é o crescimento”,
martela Nicolas Baverez, “declinólogo” próximo de Sarkozy, a que se juntam
nesta matéria muitos altermundialistas.»
Serge Latouche, Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno. Edições
70. 2011. Pág. 29.
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Passados cinco anos e mergulhado agora
o País numa profunda crise económica e social, em grande parte importada do
lado de lá do Atlântico, os que nos governam e também os que supostamente
deveriam liderar a oposição, continuam reféns do mesmo discurso: o discurso do
crescimento. O crescimento tudo resolverá, dizem eles. Não se aperceberam ainda
da armadilha em que caíram. E assim continuamos todos à espera do crescimento, como
quem espera por Godot.
Mas ainda que um dia o
crescimento seja retomado, duma coisa poderemos ter a certeza, lendo Latouche:
nem esse crescimento é sustentável nem “a organização fundada na acumulação
ilimitada” o é. O capitalismo não é sustentável, a não ser que, para que
subsista, uma minoria poderosa, condene a grossa maioria da humanidade a uma
Idade das Trevas.