domingo, abril 15, 2012

O capitalismo não é sustentável


Agradecemos daqui o destaque que nos dá o blogue Maio Maduro Maio. Um blogue que gostamos de ler e no qual descobrimos excelentes referências e até afinidades de pensamento.

Uma dessas referências, por exemplo, foi a entrevista ao economista e filósofo Serge Latouche, que não conhecíamos. Latouche escreveu um pequeno livrinho intitulado, Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno.



Dizia Serge Latouche, em 2007, quando a crise do subprime ainda estava a eclodir nas antigas cidades de Cleveland e Detroit, no outro lado do Atlântico:



«A nossa sociedade ligou o seu destino a uma organização fundada na acumulação ilimitada. Este sistema está condenado ao crescimento. Logo que o crescimento se atenua ou pára, entramos em crise e até em pânico. Deparamos com o “Acumulai! Acumulai! É a lei dos profetas!” do velho Marx. Esta necessidade faz do crescimento um “colete-de-forças”. O emprego, o pagamento de reformas e a continuidade das despesas públicas (educação, segurança, justiça, cultura, transportes, saúde, etc.) supõem o aumento constante do produto interno bruto (PIB). “O único antídoto contra o desemprego permanente é o crescimento”, martela Nicolas Baverez, “declinólogo” próximo de Sarkozy, a que se juntam nesta matéria muitos altermundialistas

Serge Latouche, Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno. Edições 70. 2011. Pág. 29.

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Passados cinco anos e mergulhado agora o País numa profunda crise económica e social, em grande parte importada do lado de lá do Atlântico, os que nos governam e também os que supostamente deveriam liderar a oposição, continuam reféns do mesmo discurso: o discurso do crescimento. O crescimento tudo resolverá, dizem eles. Não se aperceberam ainda da armadilha em que caíram. E assim continuamos todos à espera do crescimento, como quem espera por Godot.

Mas ainda que um dia o crescimento seja retomado, duma coisa poderemos ter a certeza, lendo Latouche: nem esse crescimento é sustentável nem “a organização fundada na acumulação ilimitada” o é. O capitalismo não é sustentável, a não ser que, para que subsista, uma minoria poderosa, condene a grossa maioria da humanidade a uma Idade das Trevas. 

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