Na segunda metade do século XX
foi criado um novo universo, um novo mundo que se amplia, para além do universo
exterior e do universo interior: o universo cibernético.
Os autistas, perdidos ou aprisionados
no universo interior, aparentemente, estabelecem ténues relações com o universo exterior
e nenhuma com o universo cibernético. Por outro lado, certos seres humanos,
vivem sem saber conscientemente que
vivem, e estabelecem ténues relações com o universo interior. Aparentemente
fazem pouco uso da consciência, como certos animais não humanos. Agem
instintiva e irreflectidamente. Como rezava a canção do Zeca Afonso: “Há quem viva sem dar por nada. Há quem morra
sem tal saber”. Tal não significa que estejam doentes. São mais seres de
acção do que de reflexão. Mas hoje, o universo cibernético em expansão pode
levar-nos cada vez mais à alienação do mundo exterior e do mundo interior. Ao
extremo, um indivíduo pode encontrar-se de tal forma alienado pela “vida” nesse
mundo cibernético, que não repara na existência desse outro mundo, lá fora. Ao extremo,
pode até o edifício que o abriga ruir, que ele não repara.