Nalgumas escolas públicas ainda
se ensina em contentores, em pré-fabricados, em espaços que mais parecem
estaleiros de obras paradas e em edifícios vetustos. As nossas crianças, os jovens,
os professores e todos os que lá trabalham e estudam, merecem uma escola melhor.
Nas Forças Armadas, o que Tancos
revelou, acima de tudo, foi o estado degradado em que se encontram as
infra-estruturas, os quartéis, as armas e as fardas, fruto de um desinvestimento
gritante, muito para além da incompetência de um ministro e das chefias
militares. Em Tancos até o reles ladrão reparou na ocasião. Acontece que, ao
contrário das outras ordens profissionais, os militares, por natureza da sua
profissão, não se podem manifestar politicamente. Até os camionistas têm mais
poder reivindicativo do que eles.
O desinvestimento é visível também
na degradação do edificado e das condições de trabalho, em tudo o que são
serviços públicos: dos hospitais aos tribunais, das esquadras aos quartéis de
bombeiros, dos serviços sociais às repartições e aos transportes, das lojas do
cidadão com as suas infindas filas e esperas desesperantes (e exasperantes) aos
lares de terceira idade.
Infelizmente a tónica
reivindicativa dos sindicatos tem residido quase exclusivamente nas questões
salariais e carreiras, descurando a urgente necessidade de melhoria das condições de trabalho e de
rejuvenescimento das classes profissionais. Hoje a degradação e o envelhecimento
estão à vista de todos.
Este estado de coisas acaba por favorecer
os que defendem a causa privada e um serviço público “tendencialmente
pago” (tendencialmente gratuito é tendencialmente pago, se atendermos à forma
com foi introduzido o termo “tendencialmente”) em detrimento da causa pública.
Nos últimos quatro anos, a dívida
pública continuou a aumentar em termos absolutos, sendo os futuros imperativos de pagamento e as possíveis imposições draconianas de credores uma espada de Dâmocles sobre as
gerações mais jovens. A dívida pública crescente é a porta aberta através da
qual a austeridade entrará. E como será quando chegar a recessão? Será que
os optimistas que nos governaram pensaram nisso?
Isto está mal. Hoje vou votar. É
o mínimo.
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