domingo, outubro 06, 2019

Hoje vou votar


Nalgumas escolas públicas ainda se ensina em contentores, em pré-fabricados, em espaços que mais parecem estaleiros de obras paradas e em edifícios vetustos. As nossas crianças, os jovens, os professores e todos os que lá trabalham e estudam, merecem uma escola melhor.

Nas Forças Armadas, o que Tancos revelou, acima de tudo, foi o estado degradado em que se encontram as infra-estruturas, os quartéis, as armas e as fardas, fruto de um desinvestimento gritante, muito para além da incompetência de um ministro e das chefias militares. Em Tancos até o reles ladrão reparou na ocasião. Acontece que, ao contrário das outras ordens profissionais, os militares, por natureza da sua profissão, não se podem manifestar politicamente. Até os camionistas têm mais poder reivindicativo do que eles.

O desinvestimento é visível também na degradação do edificado e das condições de trabalho, em tudo o que são serviços públicos: dos hospitais aos tribunais, das esquadras aos quartéis de bombeiros, dos serviços sociais às repartições e aos transportes, das lojas do cidadão com as suas infindas filas e esperas desesperantes (e exasperantes) aos lares de terceira idade.

Infelizmente a tónica reivindicativa dos sindicatos tem residido quase exclusivamente nas questões salariais e carreiras, descurando a urgente necessidade de melhoria das condições de trabalho e de rejuvenescimento das classes profissionais. Hoje a degradação e o envelhecimento estão à vista de todos.

Este estado de coisas acaba por favorecer os que defendem a causa privada e um serviço público “tendencialmente pago” (tendencialmente gratuito é tendencialmente pago, se atendermos à forma com foi introduzido o termo “tendencialmente”) em detrimento da causa pública.

Nos últimos quatro anos, a dívida pública continuou a aumentar em termos absolutos, sendo os futuros imperativos de pagamento e as possíveis imposições draconianas de credores uma espada de Dâmocles sobre as gerações mais jovens. A dívida pública crescente é a porta aberta através da qual a austeridade entrará. E como será quando chegar a recessão? Será que os optimistas que nos governaram pensaram nisso?

Isto está mal. Hoje vou votar. É o mínimo.

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