Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.
Ricardo Reis, Odes, Fernando Pessoa (1930), Lisboa: Ática, 1946
Já cantava Horácio nas suas Odes:
A quanto mais se negar o homem,
mais dos deuses receberá.
Horácio, Odes, Livro III, XVI, Livros Cotovia, 2008
Porém, Ricardo Reis queria que os deuses dele não se lembrassem:
Quero dos deuses só que me não lembrem.
Serei livre — sem dita nem desdita,
Como o vento que é a vida
Do ar que não é nada
O ódio e o amor iguais nos buscam; ambos,
Cada um com seu modo nos oprimem.
A quem deuses concedem
Nada, tem liberdade
Ricardo Reis, Odes, Fernando Pessoa (1930), Lisboa: Ática, 1946
Em suma, só seria livre aquele sobre o qual não recairia o olhar dos deuses.
A liberdade acima de tudo, até do próprio amor que oprime, segundo Ricardo Reis.
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