quarta-feira, março 05, 2014

Pais e filhos, na paz e na guerra.

Pois ninguém é tão insolente que a prefira [a guerra] à paz. Nesta os filhos enterram os pais, mas naquela [na guerra] são os pais que enterram os filhos.”

Palavras de Creso dirigidas a Ciro, Rei dos Persas

Heródoto, Histórias, Livro I, Edições 70, 1998. pág. 118.

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E, dizemos nós, salvaguardando as devidas diferenças, que na paz, os filhos são apoiados pelos pais na juventude; e os pais, na sua velhice, são apoiados pelos filhos. Assim deveria ser.

Mas não é isso que hoje está a acontecer neste triste país. Nesta paz que apodrece, também são os pais que na sua velhice se vêm obrigados a apoiar os filhos, mesmo quando estes já são adultos ou quase velhos.

sábado, março 01, 2014

Exigem-se conhecimentos de Matemática!

Um dito encimava o portão da Academia de Platão:

“EXIGEM-SE CONHECIMENTOS DE MATEMÁTICA”

Ali não entrava qualquer um.

Aquilo era uma Universidade! Perdão, era a Universidade!

Volvidos cerca de 2500 anos, as universidades do Ocidente são a evidência do declínio da cultura geral* de uma civilização que nasceu na Idade Média, quando os bárbaros deram início à formação de reinos, e não na Antiga Grécia ou na Mesopotâmia, como alguns historiadores anglo-saxónicos nos querem fazer crer, nomeadamente Niall Ferguson**, que no seu "modelo" cria um Ocidente.1, um Ocidente.2, e por aí fora, como se fossem novas versões de uma aplicação informática.

Volvidos 2500 anos, dizia eu, os estudantes de agora, alguns, exigem o direito à humilhação e à praxe, e os governantes, uma Universidade para as empresas.

 Desculpem a má-criação: bardamerda!

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(*) Sobre este assunto ler o famoso livro do falecido Professor Allan Bloom, The Closing of the American Mind, Simon & Schuster, 1987.

 (**) Sobre isto, ver a sua obra, Niall Ferguson , Civilization: The West and the Rest, Penguin Books, 2011


Ambas as obras encontram-se traduzidas na nossa língua.

quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Até sempre Paco (1947-2014)


Partiu ontem. Ficará a sua música, agora nossa, para sempre.

Música do Sul, das casas caiadas de branco e do sal. Mosteiro de Sal, a música que soa. Um dos seus álbuns intitula-se Castro Marim, terra da sua mãe e dos meus antepassados. Minha terra portanto.

Obrigado Paco de Lucía por tornares o fardo da nossa existência mais suportável.

sábado, fevereiro 15, 2014

Três visões convergentes para Portugal


Caso o continente [europeu] continue impávido, a alternativa passa pela interdependência com outras identidades: a CPLP para a defesa e promoção da língua portuguesa no mundo nacional e internacional; os EUA para a inovação tecnológica, científica e universitária e para o futuro da racionalidade internacional da segurança; Brasil, Angola, Moçambique e China, entre outros países, para o restabelecimento das relações comerciais e financeiras suplementares ao espaço europeu. E, sobretudo, para carrear as peças para uma governança mundial.”

 José Medeiros Ferreira, Não há Mapa Cor-de-Rosa, A História (Mal)dita da Integração Europeia, Edições 70, 2013

É preciso uma política externa realista, guiada por uma estratégia nacional sem preconceitos nem ilusões, que leve em conta o factor de defesa e não esqueça os espaços lusófonos; e tal não é possível sem que se restaure a ideia do primado da Nação como valor político, como lugar das liberdades e direitos dos cidadãos e como elemento estrutural do desenvolvimento e da economia.

Num mundo globalizado e com uma cultura cosmopolita de movimento e mudança, os portugueses têm seculares vantagens competitivas: do cosmopolitismo, identificado por Pessoa como característica nacional, à capacidade de resposta aos grandes desafios, identificada por Jorge Dias.

Jaime Nogueira Pinto, Portugal, Ascensão e Queda, D. Quixote, 2013

E há duas janelas de liberdade que acho fundamentais. Uma é a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que é uma instituição única. Se reparar, a CPLP é toda constituída por países marítimos, pobres, e nenhum tem frota marítima. Neste momento, o transporte marítimo está a ter um desenvolvimento extraordinário. Se houver uma bandeira da CPLP e uma frota comum, nós somos capazes de a fazer. A outra janela de liberdade é a plataforma continental, que eu considero que tem perigos. A Comissão Europeia anunciou que vai definir o mar europeu. Estamos dependentes das nações unidas para a aprovação da plataforma continental, que é a maior do mundo. Sabemos a riqueza que lá está. Mas nada disto está no programa de qualquer partido. Estava previsto que a plataforma continental fosse aprovada em 2013, já foi adiada para 2015, receio que, com aquela minúcia burocrática, em vez de lerem 2015, leiam 2051. A plataforma continental é a janela de recuperação e independência de Portugal.”

Adriano Moreira, “Motivar o Diálogo” (entrevista), Montepio, Inverno 2013.

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Nestas três visões convergentes, o futuro não passa pela Europa, nem por nenhum mapa cor-de-rosa de partilha colonial (ou seja, do regresso das velhas relações de dominação entre a Metrópole e o Ultramar; nem tal faria sentido). O Ultramar morreu e o sonho da Europa definha. Medeiros Ferreira bem nos lembra que “a União Europeia não precisa, nem tem, identidade e muito menos constitui um só povo” e da necessidade de “contractos políticos e jurídicos entre as suas partes constitutivas, cidadãos, povos e Estados”. Em suma, não deveríamos ter tanta pressa em evidenciar-nos como “bons alunos” face a poderes e instituições europeias não democráticas, que defendem interesses obscuros que não os da nossa pátria, e por que não dizê-lo, da nossa Nação. A salvaguarda dos interesses e da liberdade dos povos europeus deve ser assegurada por contractos bem firmados. É claro, existe uma ideia romântica de Europa, porém é a realidade que deve impor-se.

“Caso o continente continue impávido”, começa por dizer Medeiros Ferreira, ainda talvez esperançoso no despertar da nova Europa. Até agora a Europa não tem dado mostras desse despertar: pelo contrário, é o fantasma da velha Europa que se assoma. Não vale a pena então aguardar. O futuro não passa pela Europa, melhor, não passa exclusivamente, nem em grande parte, pela Europa. Não desperta a Europa, pois que despertemos nós! “A sociedade portuguesa tem de abandonar a atitude passiva que é a sua desde a entrada na Comunidade Europeia, em 1986” (Medeiros Ferreira, 2013: 136).

Da leitura das referidas obras dos autores supracitados ressalta a ideia de que, no estabelecimento de relações internacionais, não devemos colocar todos os ovos no mesmo cesto, ou seja, no cesto Europeu. Devemos diversificar as nossas relações internacionais, que devem ser de interdependência. Existem portanto outros caminhos:
  • O dos países da CPLP, em estreita interdependência e respeito mútuo, ultrapassados os velhos traumas coloniais e neocoloniais;
  • O dos países onde existem espaços de lusofonia (literalmente, onde o português soa), e por aqui temos, para além dos países da CPLP, outros países, não só europeus, como a França, a Suíça ou o Reino Unido, onde significativas comunidades de portugueses se avolumam, mas também nos países emergentes como a África do Sul; ou não sendo emergentes, a Venezuela, os EUA, entre outros.
  • O dos países com os quais temos relações ancestrais, como a China e a Índia, ou até a Indonésia, antigo inimigo e agora possível amigo;
  • O nosso mar e a nossa plataforma continental – a nossa relação com o mar;
  • E por que não, a criação de novos laços com países do Leste Europeu, como a Ucrânia, baseando-nos também na importante comunidade imigrante desse grande país presente no nosso;
  • Não devemos esquecer nunca a Espanha, ou as Espanhas, que assume sempre um papel de relevo por razões históricas e geográficas; tem sido uma verdadeira “compagnon de route”;
  • E claro, a União Europeia, mas neste caso, que existam relações contratualizadas entre “cidadãos, povos e Estados”, que salvaguardem os nossos interesses, a nossa soberania e a nossa independência e não o que temos agora.
Em suma, precisamos de lançar em várias direcções, novas “amarras” relacionais que nos liguem a estes espaços. Impõe-se a reconquista da soberania perdida.

sábado, fevereiro 08, 2014

Parece

Pois, parece que assim é. Parece que está quase concluída a nossa proletarização. O nosso ajustamento. Estamos a ser “ajustados”! Parece que estamos quase a regressar ao tempo em que se desdenhava dos que borravam as botas no trabalho (ignominiosamente designados de "borra-botas"), dos que trabalhavam com as mãos, dos cinicamente desvalorizados por quem neles assentava o traseiro para se alçar às mais altas cúpulas sociais. Coisa de meninos finos, sopeiras e penicos.


Cada vez que os vejo na televisão, vem-me o cheiro a caruncho. Parece um novo Estado Novo. Parece a mesma gente. 

segunda-feira, janeiro 20, 2014

«é»

Ouvi uma vez dizer, num Verão distante do século XX, da boca do meu querido avô algarvio, já falecido - trabalhador rural no Inverno, marnoteiro no Verão – que “Nascer é morrer!”. Ele era analfabeto, mas não era inculto. Às vezes vem-me à memória aquele dito. A frase é reveladora de um antigo espírito mediterrânico que parece viver ainda entre os povos do Sul, e que nele decerto vivia. Talvez uma coisa dos antigos gregos. É uma frase muito curta, lapidar, de três palavras apenas, mas que tudo parece conter - o nascimento, a vida e a morte. E esse “é” da frase encerra toda uma vida, toda uma existência entre o nascimento e a morte. Esse “é” que nada é (é a mais curta palavra da frase), é tudo o que importa. É tudo o que nos importa.

Na frase, encontramos a crença na força do Destino, a Moira, à qual até os antigos deuses se tinham de submeter. Está lá o ancestral fatalismo mediterrânico, a crença de que viver é sofrer, e por isso os antigos poetas afirmavam que o melhor para o Homem era atravessar rapidamente as portas do Hades, logo após o nascimento.

Ouvi um dia, numa igreja, um padre afirmar na sua prédica, que o momento da morte era mais importante que o do nascimento. Que só nesse momento se podia atestar todo um percurso, valorizador ou desvalorizador. Sólon diria o mesmo em relação à possibilidade de verificação da felicidade humana. Só no fim é que se vê.

Só no fim se confessam os pecados inconfessos. No fim do “é”.

sábado, janeiro 18, 2014

Alto do Jaspe

No sábado passado caminhei pela Arrábida até ao Alto do Jaspe. Uma raposa que por ali andava surpreendeu os visitantes à beira da estrada e deixou-se fotografar. Depois, desapareceu destemida por entre os carrascos (Quercus coccifera).

Do Alto do Jaspe avistei o mar brumoso e diverti-me a pensar que a América já ali estivera tão perto, há cerca de 115 milhões de anos, exactamente onde a onda petrificada da Serra do Risco parece rebentar.

Um painel, ainda intacto, informa os visitantes sobre a paisagem que se avista, a geologia e a biologia do Parque. Tomei a liberdade de transcrever o texto.


Alto do Jaspe

«Da Pedreira de Jaspe que atrás de nós se esconde parecendo ocultar a beleza excepcional da Brecha da Arrábida que em tantos lugares foi utilizada para enriquecer o património cultural da região e do país, até à vista deslumbrante que à nossa frente se abre e onde se destaca a Serra do Risco - este é mais um ponto panorâmico revelador da riqueza paisagística e patrimonial da Arrábida.

O Risco apresenta a escarpa litoral calcária mais elevada da Europa, com 380 m, que cai num mar calmo, azul cristalino e verde-esmeralda. A beleza que a natureza aqui esculpiu ou desenhou não passa despercebida e não cansa de nos maravilhar.

“A Serra [do Risco] tem o ar de uma onda que avança impetuosa e subitamente estaca e se esculpe no ar, é uma onda de pedra e mato, é o fóssil de uma onda.”

Sebastião da Gama (1924 – 1952)

Esta Pedreira do Jaspe é, de entre o conjunto de antigas pequenas explorações espalhadas pela Arrábida, a mais expressiva quanto à exposição superficial de um tipo de rocha exclusivo desta região, a chamada Brecha da Arrábida (também designada no século XIX e início do século XX como “Brecha de Portugal” ou “Mármore da Arrábida”).

A Brecha da Arrábida, formada durante o Jurássico Superior, há cerca de 160 Milhões de anos, recobre uma descontinuidade sedimentar cujo estudo é fundamental para o melhor conhecimento das fases iniciais de evolução do Oceano Atlântico. Naquele tempo o grande continente euroasiático e o norte-americano encontravam-se ainda unidos, formando-se um só continente, que foram definitivamente separados e sucessivamente afastados até à actualidade, por alastramento contínuo dos fundos oceânicos, a partir do final do Cretácico Inferior (há 115 milhões de anos).

O conjunto de afloramentos da Pedreira do Jaspe, que foram, na realidade, duas pedreiras com laborações separadas até ao ano de 1976, aquando da criação do Parque Natural da Arrábida, coloca em evidência diversos aspectos geológicos relacionados com a História da Terra nesta região atlântica.»

Parque Natural da Arrábida – Parque Marinho

«A fauna terrestre na área do Parque apresenta uma assinalável riqueza, com mais de 850 espécies de invertebrados e vertebrados. Nas falésias localizam-se grutas que albergam uma importante fauna cavernícola, incluindo algumas espécies de morcegos ameaçadas, com estatuto de protecção e que aqui se reproduzem e hibernam.

Existem duas espécies únicas de flora, dois endemismos arrabidenses: Convolvulus fernandensii e Euphorbia pedroi que surgem em matagais abertos nos afloramentos rochosos voltados para sul sobre o mar. Ocorrem exclusivamente na Serra da Arrábida três endemismos de fauna, dois coleópteros (gorgulhos-esmeralda) e o caracol Candidula setubalensis, que se encontra na lista vermelha da IUCN.
Ao longo da costa escarpada, os fundos rochosos dão lugar a baías abrigadas, a praias de areia e a grutas marinhas onde vivem mais de mil espécies. Nas arribas e nas falésias nidificam aves e existem fósseis de pegadas de dinossauros. Tais características fazem deste lugar marinho um dos mais ricos a nível europeu.

Por isso, em 1998, foi criado o Parque Marinho, incluído no Parque Natural da Arrábida da Arrábida, onde a vida marinha recupera e o mar enriquece, oferecendo um futuro melhor para a pesca e para o turismo sustentável.»


A Arrábida a todos acolhe. Este Património também é seu. Proteja-o!






sábado, janeiro 11, 2014

Homens excelentes, homens felizes

Por estes dias da morte de Eusébio, lembrei-me desta velha história:

Cleóbis e Bíton
Museu Arqueológico de Delfos 
«Por estas razões, pois, e pelo desejo de ver terras, Sólon saiu do país e foi visitar Amásis ao Egipto e Creso a Sardes. À sua chegada, foi hospedado por Creso no seu palácio. Depois, no terceiro e no quarto dia, por ordem de Creso, os servidores passearam Sólon pelos tesouros e mostraram-lhe toda a riqueza e opulência aí existentes. Depois de ter observado e examinado tudo, quando considerou o momento oportuno, Creso perguntou-lhe: “Hóspede ateniense, até nós chegaram muitas vezes relatos a teu respeito, por causa da tua sabedoria e das tuas viagens como, por amor à sabedoria, tens percorrido toda a Terra, levado pela curiosidade. Vem-me agora o desejo de te perguntar se já vistes alguém que fosse o mais feliz dos homens.” Interrogou-o dessa forma, na esperança de ser ele o mais feliz de todos, mas Sólon, sem qualquer lisonja e com sinceridade, reponde: “ Sim, ó rei, Telo de Atenas”. Surpreendido com a resposta, Creso perguntou com interesse: “Porque julgas que Telo é o mais feliz?” E ele explicou: “Natural de uma cidade próspera, por um lado, teve filhos belos e bons e de todos eles viu nascerem filhos e todos permaneceram com vida; por outro, depois de gozar uma vida próspera, para o nosso meio, teve o mais brilhante termo da vida. Declarada a guerra pelos atenienses contra os seus vizinhos de Elêusis, ele acorreu em auxílio, provocou a fuga dos inimigos e morreu da forma mais gloriosa. Os Atenienses sepultaram-na com exéquias públicas no próprio local em que tombou e tributaram-lhe grandes honras”.


Como Sólon, ao falar das muitas prosperidades de Telo, incitara Creso, este perguntou quem, dentre os homens que ele vira, seria o segundo depois de Telo, imaginando obter de certeza pelo menos o segundo lugar. Mas Sólon respondeu: “Cleóbis e Bíton. Estes de facto, que eram de raça argiva, tinham suficientes meios de subsistência e eram, além disso, dotados de grande força física. Os dois foram igualmente atletas vencedores e deles conta-se ainda a seguinte história. Numa altura em que os Argivos celebravam a festa em honra de Hera, tornava-se absolutamente necessário que a sua mãe fosse levada num carro ao templo, mas os bois não chegaram a tempo do campo. Constrangidos pela falta de tempo, os jovens submeteram-se eles próprios ao jugo, puxaram o carro em que sua mãe se colocara e, numa distância de quarenta e cinco estádios, transportaram-na até ao santuário. Depois de fazerem isto, sob os olhares de toda a assembleia, sobreveio-lhes o melhor termo de vida, e neles mostrou a divindade ser melhor para o homem morrer do que viver. Os Argivos, rodeando os jovens, elogiavam a sua força e as Argivas a mãe que tais filhos teve. Ela, cheia de júbilo pela façanha e pelos elogios, de pé diante da estátua, pediu que a deusa concedesse aos seus filhos Cleóbis e Bíton, que tanto a haviam honrado, o melhor que um homem pode obter. Depois desta prece, uma vez realizados o sacrifício e o banquete, os jovens adormeceram no próprio templo e não se levantaram mais. Foi esse o fim que tiveram. Os Argivos ergueram-lhes estátuas que consagraram em Delfos como homens excelentes que eram.”

Heródoto, Histórias (Livro 1º), Lisboa, Edições 70, 1994, pág. 74 e 75.

Sólon, é claro, foi rapidamente despedido pelo indignado Creso, "sem dele receber qualquer palavra".

Telo de Atenas, Cleóbis e Bíton, eram homens excelentes para os gregos e tiveram o tratamento devido aos homens excelentes: após a morte, foram sepultados com exéquias públicas e ergueram-lhes estátuas consagradas em templos sagrados. 

domingo, janeiro 05, 2014

Eusébio (1942-2014)

Eusébio: um herói, um exemplo.

Partiu.

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