sábado, agosto 22, 2020

"Land Ho!"

Grandma loved a sailor, who sailed the frozen sea.
Grandpa was that whaler and he took me on his knee.
He said, "Son, I'm going crazy from livin' on the land.
Got to find my shipmates and walk in foreign sands."

This old man was graceful with silver in his smile.
He smoked a briar pipe and he walked four country miles,
Singing songs of shady sisters in old time liberty,
Songs of love and songs of death and songs to set men free.

I've got three ships and sixty men,
A course for ports unread.
I'll stand at mast, let north winds blow, till half of us are dead

Land Ho!


                                                                                                   Jim Morrison (1970)



A avó amou um marinheiro
Que nos mares gelados navegou.
O avô era esse baleeiro,
Que nos joelhos me sentou.

Dizia-me: “Filho, dou comigo em doido,
por viver em terra,
Temos de encontrar os meus camaradas
E caminhar por areias estrangeiras”.

Era um velho gracioso,
Com prata no seu sorriso,
Fumava um cachimbo de urze e
Caminhámos quatro milhas,
Cantando canções de mulheres da vida
E da antiga liberdade,
Canções de amor e canções de morte
E canções para libertar os homens.

Eu tenho três barcos e sessenta homens
Um rumo para portos por encontrar.
Ficarei junto ao mastro,
que soprem os ventos do norte,
Até dizimarem metade dos homens.


Terra!

                                                                                          Jim Morrison (1970)

quarta-feira, agosto 19, 2020

Terraformar a Terra



É preciso terraformar a Terra. Está a transformar-se num planeta estranho, um planeta que não reconhecemos, alienígena e hostil à vida. 

Entretanto arde o Pantanal.


terça-feira, agosto 18, 2020

Território


Os homens têm olhado para o deserto como uma terra estéril, terreno livre para quem o quiser atravessar; mas, efectivamente, cada colina, cada vale do deserto tinham alguém que era o seu dono reconhecido e que seria capaz de defender imediatamente o direito da sua família, do seu clã a esse deserto, contra as transgressões. Até mesmo os poços e as árvores tinham os seus donos, que permitiam às pessoas que usassem as segundas como madeira e bebessem livremente dos primeiros, tanto quanto necessitassem, mas que imediatamente reprimiriam quem tentasse tomar conta da sua propriedade e explorá-la a ela ou aos seus produtos com outros, para benefício particular.  

T.E.Lawrence, Os Sete Pilares da Sabedoria
Publicações Europa-América, 1989, pp. 85-86

Refugio-me no deserto, neste momento particular, mas nem o deserto, descubro, é um espaço de liberdade. A liberdade colide sempre com a propriedade. O território é um espaço apropriado pelo ser, humano ou não humano. O território, na verdade, faz parte do ser. É a nossa circunstância, um prolongamento do corpo ou um espaço sem o qual o corpo definha. Eu sou eu e a minha circunstância (Ortega y Gasset). O território faz parte dessa circunstância que me define.

segunda-feira, agosto 17, 2020

O futuro


O futuro é um caixão. Lamento informá-lo, mas será isso que o aguarda no fim da jornada. Entretanto goze o caminho. E não vale apena chorar ou clamar injustiça. É pessimismo? Os espanhóis dizem que um pessimista é um optimista esclarecido. Mas não há qualquer optimismo aqui. Os dias têm sido negros. Primavera negra, Verão cinzento. "There must be some kind of way out of here", Said the joker to the thief (*). Aguardemos o Outono e o Inverno, com a esperança no horizonte.
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(*) Bob Dylan, All Along the Watchtower, 1967.

domingo, agosto 16, 2020

Epitáfio de Bartolomeu Dias

     V

        EPITÁFIO DE BARTOLOMEU DIAS



Jaz aqui, na pequena praia extrema,

O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,

O mar é o mesmo: já ninguém o tema!

Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.


                                              Fernando Pessoa, Mensagem


s.d.

Allegory Salvator Mundi

























Leonardo da Vinci (?), Auto-retrato (?), Allegory Salvator Mundi

sábado, agosto 15, 2020

Festa do Avante, comunistas e anticomunistas


Não sou comunista. Nunca o fui. Não gostaria de viver num regime comunista como o de Cuba, da Venezuela, da Coreia do Norte ou da China. Mas não sou anticomunista. Os comunistas são uma espécie de anticorpos contra o fascismo. Os melhores anticorpos que uma sociedade pode ter. Anticorpos que se activam quando as sociedades caem nessa doença do fascismo.
O vírus fascista que se cuide quando numa sociedade existem anticorpos comunistas.

Foram os comunistas os primeiros que entraram em Berlim, em 1945, o centro nevrálgico do nazismo. Foram a melhor resistência na Itália, na França, na Jugoslávia e noutros lugares, contra os opressores fascistas e nazis. Desalojaram o ditador cubano, Fulgêncio Baptista, do poder. Derrotaram os agressores americanos no Vietname. Foram derrotados no Chile por Pinochet e sofreram na pele por isso. Também perderam quando enfrentaram Franco, na Guerra Civil de Espanha, mas lutaram. Em Portugal, contra o Estado Novo, foram os que mais combateram e estiveram entre os que mais sofreram por isso.

Colocá-los na mesma plataforma que os fascistas ou os nazis, diz mais acerca de quem o faz do que dos comunistas.

Muitas vozes que se ouviram, a mais de três meses da data marcada para a realização da Festa do Avante, criticando a sua realização em tempos de pandemia, mais do que vozes preocupadas com a difusão do vírus, eram vozes anticomunistas. O seu anticomunismo falava mais alto do que reais preocupações sanitárias que diziam ter. Vozes toldadas pela ideologia, pelo anticomunismo. Desonestidade intelectual é o seu nome. Não enfio esse barrete, nem o barrete de qualquer ideologia. As minhas balizas sou eu que as traço.

À aproximação da data de realização da Festa, e avaliando a situação pandémica, os comunistas começaram a tomar medidas preventivas e a travar. Já limitaram o número de pessoas a entrar no evento para um terço, mas não se ficaram por essa medida. Vamos ver como será a Festa do Avante. Tomo os comunistas portugueses, como sempre tomei, por pessoas responsáveis e dignas de respeito.


sexta-feira, agosto 14, 2020

Ainda cá estamos

 © AMCD 

Praia da Sereia, há pouco. Cabo Espichel ao fundo.

Vírus Trump















Kamala Harris, no primeiro discurso enquanto vice-presidente candidata dos EUA:

Aos 43:52

“Vejam só o que eles [Trump e Mike Pence] nos deixaram: mais de 16 milhões sem trabalho, milhões de crianças que não podem regressar à escola, uma crise de pobreza, de sem-abrigo, afectando principalmente negros, mestiços e nativos índios, uma crise de fome que atinge uma em cada cinco mães com crianças que sentem fome e, tragicamente, mais de 165 000 vidas que foram encurtadas, e muitos não puderam ter a oportunidade sequer de despedir-se dos seus entes queridos. E não tinha de ser desta forma.”

Kamala Harris (traduzido daqui)


Aos 46:17


“Tudo isto [a gestão desastrosa de Trump e Pence da crise pandémica] é a razão. É a razão pela qual um americano morre a cada 80 segundos de COVID-19. É por isso que um número incontável de negócios tiveram de fechar as suas portas. É por essa razão que há um completo caos acerca de quando e como se devem reabrir as nossas escolas. Pais e mães estão confusos, inseguros e zangados relativamente aos cuidados a ter com as suas crianças e a segurança dos seus miúdos na escola. Se ficarão em perigo se forem à escola ou se ficarão para trás se não forem. Trump é também a razão pela qual milhões de americanos estão agora desempregados. Herdou a mais longa expansão económica da história que vinha desde a presidência de Barack Obama e Joe Biden. E depois, como tudo o que herdou, tratou logo de a deitar ao chão. Por causa das falhas de liderança de Trump, a nossa economia alcançou um dos maiores recordes entre as nações mais industrializadas, com uma taxa de desemprego que triplicou. Isto é o que acontece quando se elege um tipo que não é apto para o trabalho que tem de desempenhar. O nosso país acaba em frangalhos, acontecendo o mesmo com a nossa [dos EUA] reputação em todo o mundo.”

Kamala Harris (traduzido daqui)

***

A gestão desastrosa de Trump, a sua desvalorização da ameaça que representava o vírus quando o mesmo se anunciava, o seu desgoverno, foi outro vírus que atingiu a América. Trump é um vírus.

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Traduzido daqui:



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