O amor dos filhos pelos seus pais tal como a ligação dos homens aos deuses é paralelo ao laço que nos une ao bem e ao que nos é superior. Na verdade, fizeram-lhes o melhor bem que lhes poderiam ter feito, são responsáveis pela sua existência e pela sua criação, e depois pela sua educação.
Aristóteles, Ética a Nicómaco, livro VIII, XII. (Séc. IV a.C.)
Já se disse anteriormente que a grande invenção do século XIX, a escola pública, tinha perdido a capacidade para aproximar as crianças da leitura. Os métodos utilizados para esse propósito, a absurda formação dos professores, a aversão ao trabalho duro, o amor pelos aparelhos electrónicos e os esforços para reproduzir e transformar o mundo exterior ditaram a ruína da educação em todo o Ocidente. Barzun, Jacques,
Da Alvorada à Decadência, 2000
Da dissolução e destruição das normas advém a debilidade, a falta de segurança e até a impossibilidade absoluta de qualquer acção educativa. Jaeger, Werner, Paidéia, 1936
A actual crise na educação dos jovens reside em primeiro lugar na falência das instituições incumbidas desse papel: a família, a escola, o Estado (e poderemos incluir ainda o Mercado).
Aristóteles, o fundador do Liceu, já há 2400 anos atrás, reconhecia a importância da família, não só na criação dos filhos, mas também na sua educação. Ora a família tradicional desestruturou-se. Já não é o que era. Na maior parte dos casos, ambos os pais trabalham ou não estão presentes, isto quando a família não é monoparental, ou seja, só suportada por um dos pais. A tarefa de educar os filhos por parte da actual família, tornou-se portanto avassaladora. Confia-se agora o papel da educação das crianças a outras instituições, como se estas se pudessem substituir à família. A educação falha porque um dos seus pilares sucumbe, arrastando tudo o resto. Falha a educação, empobrece-se a cultura, dissolvem-se e degradam-se as regras, as normas e os valores. Torna-se impossível ou muito difícil levar a cabo qualquer acção educativa. Está aberto o ciclo da decadência civilizacional.