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António José Seguro ao computador.(*) |
Os políticos, com destaque para
os candidatos dos partidos maioritários na assembleia, continuam a fazer
política à moda antiga. Parece que ainda não se aperceberam que os tempos são
outros.
Prometem, como sempre prometeram,
promessas aquilo que sabem que não irão cumprir, ou que poderão não cumprir, ou então,
que não sabem que não irão cumprir (neste caso serão ingénuos? Quem quiser que
acredite.).
Quem quer ouvir promessas da boca de quem nunca as cumpriu e sempre
enganou, e se enganou, uma vez no governo? Quem quer ouvir promessas de quem
pensa, ou quer fazer-nos pensar, que o poder ainda reside no governo, quando o
verdadeiro poder já não mora ali? Quem quer ouvir promessas de quem diz que não faz promessas, apontando infantilmente o dedo ao outro menino, que ele é que fez promessas e depois não cumpriu? Ofendem-nos, as promessas e as palavras doces
e melífluas, quando os tempos são difíceis.
Os tempos são outros. Claramente,
os que fazem promessas, não estão a ser realistas nem verdadeiros para com os
eleitores. Seriam mais realistas se dissessem que devemos esperar sangue, suor e lágrimas,
como uma vez fez esse grande estadista que foi Churchill.
Neste momento, Portugal é como se
fosse um país sob ocupação, ainda que não tenha sido invadido por exércitos ou
marinhas. Nem foi preciso. A velha geopolítica, que se baseava exclusivamente na
contagem de soldados e canhoneiras para aferir o poder das potências em
contenda, passou à história. Hoje a nova geopolítica baseia-se também noutros poderes tão
ou mais eficazes do que o antigo poder da força das armas. A incapacidade da
U.E. ou dos E.U.A. em realizar um verdadeiro boicote à Rússia é um exemplo do
funcionamento desta nova geopolítica. Estamos já a ser dominados por poderes de
origem difusa, difíceis de identificar com precisão, na sua proveniência.
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Paulo Portas e Xi Jinping, na ilha Terceira |
Enquanto isso, o governo
português age como se fosse uma comissão liquidatária. Portugal está à venda e vende-se,
e os nossos governantes acocoram-se frente aos poderes económicos e financeiros
do mundo. A recente deslocação de Paulo Portas aos Açores para se encontrar com
o presidente chinês é mais um sintoma desta situação: no nosso território, foi
o vice-primeiro-ministro português ao encontro do chinês – um verdadeiro
beija-mão - que por acaso lá fez uma escala nos Açores, a caminho do seu
destino, e não foi o chinês a ir ao encontro do vice-primeiro-ministro português.
E até na CPLP Portugal se rendeu,
na posição que assumiu, aos interesses económicos e financeiros (petróleo, gás
natural e bancos…). A CPLP é pois, cada vez mais, uma CP (Comunidade de Países)
e cada vez menos uma CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa). Uma
vergonha.
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(*) - "As pessoas estão desiludidas com a forma como se faz política, uma parte dessa desilusão e desse desencanto reside no facto de os políticos, prometerem uma coisa antes das eleições e depois fazerem outra quando chegam ao poder, como é o caso deste primeiro-ministro." (António José Seguro)
Embora o constate, continua, também ele, a fazer promessas.