Tão depressa Chavez galvaniza,
como rapidamente decepciona. Na sua fúria cega contra os EUA, acaba por apoiar
criminosos de guerra como Bashar-al-Assad, e logo na primeira conferência de imprensa após o início do terceiro mandato da sua presidência. Diz que “Bashar
é o governo legítimo”. Mas quem o legitimou? Diz que apoiar o Conselho de
Transição é o mesmo que apoiar terroristas. Como se Bashar não fosse o
verdadeiro terrorista. Diz que o Conselho de Transição anda a matar gente. E
Bashar, que tem a maior força do seu lado – a força dos militares da Síria,
incomparavelmente maior do que a do Conselho Nacional Sírio -, não anda a matar
gente?
Bashar-al-Assad é um ditador,
filho de um ditador a quem sucedeu após a morte, o seu pai Hafez al-Hassad, e governa
Síria como se fosse um rei – uma espécie de rei Herodes da nossa Era -, mas a
Síria não é um reino. Onde reside a legitimidade de Bashar-al-Assad? Numa
reeleição (?) realizada em 2007, em que o seu partido concorreu sozinho?
Era bom que não nos esquecêssemos
de como tudo isto começou.
Reiteramos portanto, e mais uma
vez, o nosso asco perante tal criatura que persiste em não abandonar o poder na
Síria. A vida dele não vale a de uma criança síria. A força estava e está do
lado dele. Por isso era ele que tinha a obrigação moral de abandonar o poder e
convocar eleições justas e pluripartidárias. Não o fez. Preferiu avolumar a “bola
de neve” da violência e das vítimas dum conflito que entretanto se tornou numa
guerra civil. Há terroristas entre os opositores ao governo sírio? Agora há e
cada vez mais. Não foi sempre assim. Mas Bashar-al-Assad supera-os a todos.
Podia ter evitado a que chegássemos a este ponto mas não o fez. Preferiu ficar,
preferiu matar.
Por isso, se vem agora o Chavez
dizer os disparates que diz em apoio a Assad, isso só lhe fica mal. Mas não nos
admiremos de ver democratas apoiarem ditadores. Esta é a realpolitik do mundo. Não apoiaram os democratas americanos, o general
Pinochet? Não foram os democratas europeus dar apertos de mão, noutros tempos,
a Kadhafi na sua tenda, na Líbia, ou não o acolheram na sua casa? E depois, não
foram esses mesmos democratas que o mataram?
E assim aprendemos que uma coisa
é a realpolitik e a outra é a nossa
posição, que ainda pensamos pela nossa cabeça.
Bashar-al-Assad é um criminoso de
guerra, os factos comprovam-no, e essa é a nossa convicção.