sexta-feira, março 29, 2013

Madonna dei Palafrenieri

       Caravaggio, Madonna dei Palafrenieri, 1606, Galleria Borghese, Roma

quinta-feira, março 28, 2013

José Sócrates na TV


Cortina de fumo. Manobra de diversão. Desvio de atenção. Todas as câmaras nele incidem a objectiva. Todos os olhares do nosso pequeno mundo... Enquanto isso, noutro lado, prepara-se o nosso fado.

E repare-se, até nós aqui, já estamos a falar dele. Enquanto isso, noutro lado, prepara-se o nosso fado.

Quem beneficia com este desvio das atenções? Belo entretenimento, este.

Como diz Correia Pinto no seu Politeia, “Há fome, há desemprego, há muita coisa má…mas há festa no intervalo da sopa dos pobres.” Pois é. O circo está montado.

As atenções que sobre ele recaíram ontem à noite, fazem lembrar aquela curiosidade mórbida, tão portuguesa, que nos faz abrandar o automóvel quando há um acidente no outro lado da via, só para ver a chapa amassada e os acidentados. Pois bem, no que me toca, é quando acelero mais. Sócrates é passado e não quero vê-lo pela frente, lá para os lados do futuro.

Ele bem preparou o terreno para que estes agora viessem semear a fome, o desemprego e muita coisa má. Aquilo a que muitos chamam austeridade e que é um roubo, na verdade.

quarta-feira, março 27, 2013

A confiança


A confiança desbaratada por todo o lado. Grande Europa!

segunda-feira, março 25, 2013

Renascer


Se eu deixar de aparecer e não souberes de mim,
sê paciente, espera
e não te inquietes a pensar no fim.
Eu hei-de renascer na Primavera
como a folhagem do jardim
e a luz que se derrama na cidade
de Lisboa ao respiro da liberdade.

Escusas, pois de tentar bater-me à porta
ou de deixar mensagem
no telemóvel, que eu fui de viagem
e o resto não me importa.

Torquato da Luz, Espelho Íntimo, O Cão Que Lê, 2010, pág. 30.

Até sempre Torquato da Luz.

domingo, março 24, 2013

Imperialismo e hegemonia


Este sábado Fernando Madrinha, no Expresso, empregou um termo que considera forte, ao analisar a realidade da União Europeia, mas que se vai tornando cada vez mais claro, que é nesse sentido que estamos a caminhar. Pouco a pouco vamos ganhando consciência daquilo em que nos metemos. Diz ele:

O termo imperialismo pode parecer forte, mas ajusta-se cada vez mais à caracterização das relações Norte-Sul no interior da União Europeia, pois é patente o propósito de tratar os países mais fracos como o Império Romano e já antes a República tratava os estados clientes, que embora subjugados, mantinha as suas elites dirigentes, obviamente fiéis e obsequiadoras.”

Fernando Madrinha, Expresso, 23 de Março de 2013. Primeiro Caderno, Pág. 15.

Fernando Madrinha está certo no termo que emprega, mas recuou demais na história: não era preciso ir tão longe. É certo que o imperialismo é uma velha tradição na Europa, mas os últimos impérios europeus foram sucumbindo ao longo do século XX e não é preciso recuar até aos tempos do Império Romano para encontrarmos as práticas da dominação e hegemonia do Norte sobre o Sul (ou do “centro” sobre a “periferia”). A ironia de tudo isto é que Portugal foi um dos últimos países da Europa a perder o seu império colonial e, num ápice, se converteu em semiperiferia, sendo agora alvo do mesmo tipo de tratamento que antes era dado aos Estados que se pretendiam colocar sob a dependência de algum “centro” mais distante.

É claro que as elites dirigentes e obsequiadoras, de que fala Madrinha, continuam a ter um importante papel ao serviço, não do povo que dirigem, mas dos Estados hegemónicos. São as elites dirigentes que asseguram a hegemonia pelo consentimento de que fala Gramsci.

Epílogo

sábado, março 23, 2013

Crise


A crise, já o dizia Gramsci, dá-se quando o mundo antigo ainda não morreu e o novo ainda está para nascer.”

Jacques Adda, A mundialização da economia, Vol. 1: Génese, Terramar, 1997, pág. 73

sexta-feira, março 22, 2013

Condenados ao desentendimento

Merkel avisa Chipre: «Não ponham à prova a paciência da troika»


Parece que os homens estão condenados a não se entenderem. Babel repete-se, vezes e vezes sem conta. O projecto europeu não é mais do que um edifício babélico, um edifício inacabado que corre o risco de desabar a qualquer momento. Aliás, o mundo já é uma Babel em potência: a globalização transformou a Terra numa imensa torre de Babel. Uma confusão de línguas, culturas e civilizações que se entrechocam como placas tectónicas em tensão, umas contra as outras. Se a lição bíblica estiver correcta, então estaremos para sempre condenados ao desentendimento.

Inocentes pelos braços

       Gaza. Fotografia do Ano 2013 da World Press Photo.   Autor: Paul Hansen

       Alepo, 15 de Março de 2013, pai e filho.               Autor: Tomada Sebastiano

       Islamabad, 20 de Março de 2013.               Autora: Zohra Bensemra

Inocentes pelos braços

Pelos braços transportados,
Pelos braços levados,
Pelos braços abraçados.
Inocentes!

Este é o veredicto do mundo que observa,
Sem querer saber dos culpados.

quinta-feira, março 21, 2013

Porque hoje é Primavera e Dia Mundial da Poesia


Hoje, pleno dia de Primavera e Dia Mundial da Poesia, deixo aqui um poema que alia o melhor destes dois mundos. É de um amigo da blogosfera que já não aparece há cerca de cinco semanas, mas que disse um dia que não nos inquietássemos com a sua ausência, se fosse demorada, pois provavelmente estaria em viagem e que renasceria na Primavera como a folhagem do jardim e a luz que se derrama na cidade de Lisboa ao respiro da liberdade.

Fica então o poema de Torquato da Luz, autor do blogue Ofício Diário.

Primavera

Tudo o que sempre quis foi conhecer
um a um os mistérios do teu rosto
e sem medos nem pressas percorrer
os recantos secretos do teu corpo.

Tudo o que sempre quis foi recolher
ao abrigo seguro do teu porto
e para sempre aí permanecer
sem sombra de pecado ou de desgosto.

E agora que te tenho, Primavera,
quero que sejas minha por inteiro
após longa e dolorosa espera,

pois consegui furar o nevoeiro
e de todo esquecer-me de quem era,
meu amor de raiz, amor primeiro.

                              Torquato da Luz, Espelho Íntimo

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