segunda-feira, outubro 14, 2019

Livro lido: A Origem de (Quase) Tudo


Apreciação: ****

O Universo está cheio de mistérios para os quais a Ciência ainda não tem uma explicação satisfatória. Da matéria escura à energia escura, do aparecimento do Universo ao surgimento da Vida, da vinda do Homo sapiens às primeiras cidades, os mistérios e maravilhas aqui abordados são muitos. 

Leitura fácil e aprazível. Divulgação científica da boa.

domingo, outubro 13, 2019

End of summer


Praia do Rei                                                                             © AMCD

Resultados eleitorais – uma nota

Fonte: MAI, 2019, consultado a 13/10/2019


Que alívio para a CDU. Já não precisa de ser bengala do PS, agora que a Direita não espreita na esquina mais próxima. Livrou-se desse papel-empecilho, dessa pedra no sapato que a impedia de caminhar livremente. Pode agora trilhar o seu caminho e regressar ao seu estado natural de coligação crítica dos disfuncionamentos da sociedade capitalista. Tal voz é necessária para que a sociedade corrija ou esteja atenta a certos resultados que vai gerando, em particular, quando se acentua o alargamento da desigualdade à sombra da liberdade, sempre mais livre para uns do que para outros. Liberdade para escolher, dizem os neoliberais, como se essa liberdade de escolha fosse igual para todos e como se tal desigualdade fosse sempre justa. Não é.


domingo, outubro 06, 2019

Hoje vou votar


Nalgumas escolas públicas ainda se ensina em contentores, em pré-fabricados, em espaços que mais parecem estaleiros de obras paradas e em edifícios vetustos. As nossas crianças, os jovens, os professores e todos os que lá trabalham e estudam, merecem uma escola melhor.

Nas Forças Armadas, o que Tancos revelou, acima de tudo, foi o estado degradado em que se encontram as infra-estruturas, os quartéis, as armas e as fardas, fruto de um desinvestimento gritante, muito para além da incompetência de um ministro e das chefias militares. Em Tancos até o reles ladrão reparou na ocasião. Acontece que, ao contrário das outras ordens profissionais, os militares, por natureza da sua profissão, não se podem manifestar politicamente. Até os camionistas têm mais poder reivindicativo do que eles.

O desinvestimento é visível também na degradação do edificado e das condições de trabalho, em tudo o que são serviços públicos: dos hospitais aos tribunais, das esquadras aos quartéis de bombeiros, dos serviços sociais às repartições e aos transportes, das lojas do cidadão com as suas infindas filas e esperas desesperantes (e exasperantes) aos lares de terceira idade.

Infelizmente a tónica reivindicativa dos sindicatos tem residido quase exclusivamente nas questões salariais e carreiras, descurando a urgente necessidade de melhoria das condições de trabalho e de rejuvenescimento das classes profissionais. Hoje a degradação e o envelhecimento estão à vista de todos.

Este estado de coisas acaba por favorecer os que defendem a causa privada e um serviço público “tendencialmente pago” (tendencialmente gratuito é tendencialmente pago, se atendermos à forma com foi introduzido o termo “tendencialmente”) em detrimento da causa pública.

Nos últimos quatro anos, a dívida pública continuou a aumentar em termos absolutos, sendo os futuros imperativos de pagamento e as possíveis imposições draconianas de credores uma espada de Dâmocles sobre as gerações mais jovens. A dívida pública crescente é a porta aberta através da qual a austeridade entrará. E como será quando chegar a recessão? Será que os optimistas que nos governaram pensaram nisso?

Isto está mal. Hoje vou votar. É o mínimo.

sábado, outubro 05, 2019

Freitas do Amaral (1941-2019)



Álvaro Cunhal, Freitas do Amaral, Mário Soares e Sá Carneiro orientaram os portugueses nos primeiros tempos da democracia, após o 25 de Abril. Não nos desonraram, antes pelo contrário. Não devem ser esquecidos.

Freitas do Amaral, que agora parte, foi mais do que um político desses primeiros tempos, foi um cidadão empenhado e um político activo, tendo até governado neste século - foi ministro. Foi um amigo da cultura e do saber, um intelectual prolífico. Pensou pela sua própria cabeça, não se acomodando a pensamentos de grupo rebanho. Um exemplo.

Que descanse em paz.

quarta-feira, setembro 04, 2019

A Lua na Terra: exploração lunar em Bangalore


As crateras foram tapadas um dia depois. Envergonhar ainda resulta (isso se quem decide não for um sem-vergonha).

Daqui

terça-feira, setembro 03, 2019

Immanuel Wallerstein: “Há sempre alternativas políticas.”

Morreu Immanuel Wallerstein (1930-2019), o dos sistemas-mundo, anunciam no Ladrões de Bicicletas.

Há tempos sublinhei estas palavras de Wallerstein num livro:

O capitalismo é um sistema-mundo que existe há quinhentos anos e se baseia na primazia da acumulação incessante do capital. (…)
Observa-se desde há quinze anos [desde o início dos anos 80] o ressurgimento de uma ideologia neoliberal que pretende fazer crer às pessoas que é necessário ser-se competitivo porque o mundo capitalista se tornou global. Como se se tratasse de um novo constrangimento. Como é evidente, isto é completamente ridículo: sempre foi necessário ser-se competitivo. Mas, quando se apresenta a mundialização como uma ruptura, afirma-se também que não existe outra opção possível. No fundo, trata-se de uma tese anti-política, que diz: «Nada mais podemos fazer senão submetermo-nos.» Ora, se o sistema tem uma grande força, não é verdade que não haja alternativas políticas. Há sempre alternativas políticas. (…)
Immanuel Wallerstein (1998)

Immanuel Wallerstein in Gérard Vindt, 500 Anos de Capitalismo, A Mundialização de Vasco da Gama a Bill Gates, Temas & Debates, 1999, p. 150.

Não há comunidades situadas (nem sitiadas)


Não há comunidades situadas, presas aos lugares; não existem fronteiras para o pensamento e para a cultura; não existem condições culturais que permitam a longa estabilidade temporal das permanências vernaculares. Como dizia o poeta Luís de Camões,

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto por mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Álvaro Rodrigues, Vida no Campo (2011), pág. 235

domingo, setembro 01, 2019

A cultura do “foda-se”

Top de vendas de livros não ficção, segundo o Expresso, 31 de Agosto de 2019:

A Arte Subtil de Saber Dizer que se Foda
Está tudo Fodido

(…)

E, atenção atenção, vem aí o Des Foda-se, Saia da sua Cabeça, Entre na sua Vida, promessa de vendas e receitas chorudas, a caminho de um futuro top 10.

A compra por impulso vinga.

***

Primeiros versos da canção “Norman Fucking Rockwell”, do recém lançado álbum Norman Fucking Rockwell!! da seráfica melodramática Lana Del Rey:


Goddamn, man-child
You fucked me so good that I almost said, "I love you"


Profundo!

Até o amor (o que é isso?) se rende ao fuck.


***

O escândalo morreu (já ninguém se escandaliza) e no entanto o escândalo vende. As editoras e os autores sabem-no.

Miguel Esteves Cardoso (O Amor é Fodido, Como é Linda a Puta da Vida) sabia disso muito bem; José Saramago (O Evangelho segundo Jesus Cristo) sabia disso muito bem; Salman Rushdie (Versículos Satânicos) sabia disso muito bem.

Escandalizaram muita gente, venderam muito por isso, mas não só por isso.

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