A vez da Índia.
233 943 casos num só dia!
Fonte: India COVID: 14,521,683 Cases and 175,673 Deaths - Worldometer (worldometers.info)
(consultado a 16/04/2021)
A vez da Índia.
233 943 casos num só dia!
(consultado a 16/04/2021)
«Mas nem será necessário o pior
cenário do aquecimento global para provocar devastações suficientemente graves
que sacudam a sensação habitual de que, à medida que o tempo avança a vida melhora
de uma forma inelutável. Essas devastações, muito provavelmente, vão chegar
depressa: novas linhas costeiras recuadas, com cidades afundadas à sua frente;
sociedades desestabilizadas a atirarem com milhões de refugiados para
sociedades vizinhas que já sentem o estrangulamento dos recursos a
esgotarem-se; as últimas várias centenas de anos, que muitos no Ocidente viram
como uma linha simples de progresso e prosperidade crescente, transformadas no
prelúdio de um sofrimento climático massivo.»
David Wallace-Wells, A Terra Inabitável,
Lua de Papel, 2019. p. 255
No que me toca, prefiro, de longe, a antiga liberdade.
«No mundo antigo – na Antiguidade pré-cristã, em particular
na Grécia antiga, ou durante o longo reinado da cristandade -, a definição
dominante da liberdade envolvia o reconhecimento de que necessitava de uma
forma apropriada de autonomia. (…)
A liberdade, assim compreendida, não era fazer o que se quisesse, mas sim escolher o caminho certo e virtuoso. Ser livre era, acima de tudo, estar livre da submissão aos nossos desejos básicos, que nunca poderiam ser satisfeitos e cuja perseguição só podia criar mais desejos e descontentamento. Assim, a liberdade era a condição alcançada pelo autodomínio, pelo controlo dos nossos apetites e do desejo de domínio político.
A característica definidora do pensamento moderno foi a rejeição desta definição de liberdade em proveito de uma definição que nos é hoje mais familiar. A liberdade, definida pelos criadores do liberalismo moderno, era a condição na qual os seres humanos estavam completamente livres para perseguir tudo o que desejavam».
Patrick J. Deneen, Porque Está a Falhar o Liberalismo? Gradiva, 2019. pág.99
Bruno Patino, A
Civilização do Peixe-Vermelho, Gradiva, 2019, pág. 112.
Esta ordem do mundo [a mesma de todos] não a criou nenhum dos deuses, nem dos homens, mas sempre existiu e existe e há-de existir: um fogo sempre vivo, que se acende com medida e com medida se extingue.
Heraclito
in, Kirk, G.; Raven, J.;
Schofield, M., Os Filósofos Pré-Socráticos, 6ª ed. Fundação Calouste
Gulbenkian, 2008, p. 205
O fogo está na origem de todas as
coisas. Não somos nós feitos do pó das estrelas? O fogo estará no fim de todas
as coisas. Mas há quem anuncie um universo vazio e infinito em resultado de uma
expansão incessante, em que as estrelas se perderão de vista e o céu dos mundos
se tornará negro, sem pontos de luz. Um universo frio, uma solidão infinita.
Talvez nessa altura se construa uma
abóbada virtual, a envolver o mundo, como num planetário, para que não nos sintamos
sós. Um simulacro de céu estrelado.
***
Ontem no Japão foi empossado o
Ministro da Solidão. Justamente no país do sol nascente. O país que ostenta o
fogo da manhã na sua bandeira. A pátria dos hikikomori. Decerto muitos
japoneses, nas suas cidades luminosas, perderam a capacidade de ver o céu
estrelado. Vivem sós num mundo cada vez mais artificial, nas estruturas e nas
relações.
É-se só em Tóquio. Uma cidade
(área metropolitana incluída) de 30 milhões de habitantes. A maior cidade do mundo. Não
deixa de ser uma ironia. É exactamente na multidão que se encontra a solidão.
É exactamente no Japão que se encontra a solidão.
Numa urgência, tudo o que soa a demora exaspera.
Esperar por um consenso num mar de divergências para, por fim, tomar uma decisão, pode revelar-se, em certas circunstâncias, fatal.
Quando chega, finalmente, o momento da decisão, uma vez obtido o consenso, já as circunstâncias mudaram, já o barco afundou, já a floresta ardeu...O momento em que a decisão devia ter sido tomada ficou lá atrás.
A obtenção de consensos obriga muitas vezes a demoradas negociações na procura de cedências de parte a parte.
O líder, muitas vezes, decide só. É a ele que cabe a decisão. É a sua responsabilidade. E isto passa-se, principalmente, quando tem de decidir rapidamente.
Nem sempre as decisões procedem de negociações.
Num momento de urgência não há pior do que um líder hesitante entre divergências, um líder que procura a negociação.
Num momento de urgência a acção impõe-se. Exige-se ao líder que assuma as suas responsabilidades nas horas difíceis, nas horas mais sombrias e decida.
Que oiça e que decida, mas não perca tempo a negociar em busca de um consenso.