Existem formas subtis de desvalorização de um feito histórico, como o 25 de Abril, por exemplo, no discurso e na postura dos que dizem, surpreendentemente, valorizá-lo . Com toda a subtileza no discurso, é possível fazer parecer à populaça que se valoriza tal realização histórica, quando na realidade, no fundo, no mais profundo do ser, se a abomina.
Quando se salienta o desconhecimento da juventude (que tipo de desconhecimento e que tipo de juventude?), em vez de alguma juventude, para os factos ocorridos, mais não se está a dizer de que se trata basicamente, de uma realização que já é coisa do passado, pois que, nem os jovens se identificam com ela, não a comemoram, não a vivem. Como poderia ser doutra forma, se desconhecem a origem da Liberdade? O facto já passou à história portanto. Ou deverá passar na óptica do discursante.
Por outro lado, o valor de determinados símbolos e da sua utilização adequada nos momentos comemorativos, em particular pelos mais altos representantes da nação, na qual se inclui o discursante, é fundamental até como um acto pedagógico de adesão aos ideais que o símbolo representa: a Liberdade, a Democracia, o Desenvolvimento, a Solidariedade, etc.
O discurso e o acto são reveladores de pensamentos e de sentimentos. Mas nem sempre os verdadeiros sentimentos e pensamentos são revelados claramente no discurso. Por outras palavras, nem sempre se diz o que se pensa, nem sempre se pensa o que se diz.
Portanto pergunto, muito singelamente:
Onde está o seu cravo na lapela?
Surpreendem-se porque os jovens desconhecem o passado, em particular o que nos é mais próximo?! A falência da memória é um dos problemas mais diagnosticados nos sistemas educativos dos países ocidentais. Não é um problema da História, mas da desvalorização da memória e da memorização enquanto processo de ensino e de aprendizagem. Não existe educação sem memória. A História, a Geografia e outras ciências sociais fundamentais na formação do Homem, têm sido progressivamente remetidas para as margens dos currículos, cada vez mais preenchidos por “tralha pedagógica”, como as áreas curriculares não disciplinares. O jovem estudante superprotegido, super mimado nas sociedades ocidentais (talvez porque a população esteja a envelhecer e os jovens escasseiem, quem sabe), tem de ser acompanhado no seu estudo, qual aleijado mental, através de um Estudo Acompanhado. Antes vigorava o estudo desacompanhado. O jovem tinha de aprender por si próprio a ser autónomo, responsável e disciplinado nos seus hábitos, facto que não obscurecia necessariamente a sua salutar irreverência.
A história e a cultura dos Estados Unidos estão a ser usadas para criar tipos ideais que apontam o futuro às gentes de todo o mundo no que respeita a «raça» e a racismo. Os modelos derivados do caso norte-americano são propostos como portadores de um equilíbrio desejável entre diferentes versões étnicas, cívicas e separáveis como unidades discretas do nacionalismo. As tecnologias raciais dos Estados Unidos – a sua política identitária, a acção afirmativa e o profiling – são exportadas como solução pronta a usar para os problemas gerados pelo racismo.