domingo, setembro 30, 2012

Enquanto dormimos vamos sendo despojados


«à vista de um país que ardeu como nunca, atiçado pelos eucaliptais, pretende [o Governo] abrir às celuloses as zonas de Reserva Agrícola Nacional, que elas há tanto tempo cobiçam; e que se prepara para, de forma cobarde e sinuosa, entregar a Reserva Ecológica Nacional à especulação imobiliária, começando por dispersar a respectiva lei por várias outras leis (cada uma das quais abrindo excepções e alçapões à medida), e por dispensar de autorização, para já, as “pequenas construções” de “apoio agrícola” e etc. (o que rapidamente se traduzirá em golfes, aldeamentos turísticos, juro-vos eu).»

Miguel Sousa Tavares, “Yale, Campo de Ourique”, Expresso, 29 de Setembro de 2012

Na sanha de tudo vender, tudo privatizar, tudo tornar mercadoria, o Governo vira-se agora para as reservas de território que permaneciam relativamente incólumes e protegidas da voracidade da especulação: a reserva agrícola nacional e a reserva ecológica nacional. O território que se reservava à agricultura e ao ambiente é agora entregue aos amigos das celuloses e aos dos campos de golfe. Um verdadeiro governo ao serviço das grandes interesses empresariais e especulativos, contra os cidadãos, avança com a neoliberalização do território, de forma cobarde e insidiosa.

sexta-feira, setembro 28, 2012

quinta-feira, setembro 27, 2012

Afinal há uma ministra...


Uma ministra que ainda escapa no meio da desgraça geral que nos governa. Dizem que é populista? Não creio. É verdade! Tem razão! A impunidade tem de acabar. Na verdade afirma que “a impunidade na justiça terminou”. A ver vamos. Que não se esqueça do caso dos submarinos.

Aqueles que, por mais do que incompetência, enquanto governantes, trataram de fazer acordos ruinosos para o país, em benefício próprio ou dos seus partidos e em prejuízo dos contribuintes, devem ser julgados por isso. É preciso traçar bem a linha entre a responsabilidade política e a responsabilidade criminal. 

Quem nos governa não tem carta branca para assumir todo o tipo de acordos ruinosos em nosso nome ou em nome dos vindouros. Estamos hoje todos a pagar por essas “incompetências”.

Qual Portugal?

Se há algum período da história de Portugal que se assemelha ao actual momento do país (qual país? pobre país?), não tenhamos dúvidas, é o do domínio filipino, esse entre 1580 e 1640, quando Portugal não era Portugal, era outra coisa qualquer, uma região dum vasto império onde o Sol nunca se punha. Vem agora o Sr. Primeiro-ministro traçar paralelos entre o nosso tempo e o tempo do Gama, quando o navegador começava a sentir os ventos favoráveis que impeliam paulatinamente as suas naus em direcção à Índia, mesmo contra a corrente dominante. Tenha juízo. Os ventos são mais do que desfavoráveis e sopram no mesmo sentido da corrente avassaladora da crise internacional do capitalismo. Empurram-nos para o abismo. Este Governo dá mostras de que não sabe bem para onde vai, e, como nos diz o grande Séneca, velho mestre estóico: não há ventos favoráveis para quem não sabe para onde vai. O fim de Portugal, enquanto país livre e independente, já foi. Mas muita gente ainda não se deu conta? Isto já não é Portugal, é outra coisa qualquer.

Agora precisamos, isso sim, de restaurá-lo, como tão bem sabemos fazer, mas para tal é preciso aguardar pelo tempo certo. Acabaremos também por ter os nossos defenestrados. É uma questão de tempo.

terça-feira, setembro 25, 2012

No lugar certo, na hora certa


Do ponto de vista do alligator, entenda-se.

domingo, setembro 23, 2012

Por favor, parem de nos lançar areia para os olhos!


Quando alguém propõe uma maior tributação fiscal do capital, por uma questão de maior justiça e equidade fiscal e social, aparecem logo os comentadores do costume, como o professor Marcelo Rebelo de Sousa hoje na TVI, sugerindo que, nesse caso, seriam abrangidas as contas a prazo do comum dos portugueses, como se essas contas fizessem parte do capital que se quer tributar. E, dessa forma, lançam areia para os olhos de muita gente.

É bom que se clarifique o que se entende por capital a taxar nas propostas que estão a ser colocadas em cima da mesa. Não são as contas a prazo. Não nos deixemos enganar. São as transacções financeiras e os dividendos dos accionistas.

sábado, setembro 22, 2012

Outono

Personificação do Outono (detalhe), séc. II AD.
Museus do Vaticano

Até aqui foi campo, astro celeste.
Agora, porém, Baco, vou cantar-te
em rebentos de bosque e de oliveira
tão lentos no crescer. Ó Pai Leneu,
a mim virás que tudo aqui se encheu
do que por ti foi dado; em teu louvor
floresce a terra inteira, carregada
de folhagens de Outono e faz vindima
ficar lagar até à borda espuma.

Vergílio, Geórgicas, Livro II
(tradução de Agostinho da Silva)

***

Personificação do Outono, séc. II AD.

A estátua foi encontrada em 1804 por Robert Fagan na propriedade Cesarini, Campo Jemini (Tor Vajanica), próximo de uma antiga vila romana. O Outono é representado como uma jovem mulher com uma coroa ornamentada com uvas e rodeada por quatro cupidos vindimando. Tendo sido a cabeça acrescentada pelo escultor neoclássico Massimiliano Laboureur, a escultura remonta a meados do século II d.C.


Portugal, Grécia e Irlanda podem perder duas vezes nas privatizações



«Os cidadãos da Grécia, de Portugal e da Irlanda vão perder porque a corrupção vai fazer com que não recebam um preço justo nos milhares de milhões em activos que vão ser vendidos para reduzir os défices. Não vão receber o valor justo e o dinheiro que deveria servir para recuperar as finanças e a economia vai com frequência para os bolsos daqueles que protegem os seus interesses pessoais»


(...)

«Primeiro há falta de responsabilização, especialmente na área do financiamento público; segundo, há uma deficiente participação da população em geral em responsabilizar os dirigentes; e em terceiro e muito importante, há impunidade para os que violam a lei.»  Cobus de Swardt, director da Transparency International.  AQUI

Nada que já não soubéssemos.

sexta-feira, setembro 21, 2012

É isto um país? É isto um Presidente? É isto um Governo?





Que somos dependentes sabemos nós. Mas caramba! Para que precisamos de um Presidente que nos está sempre a lembrar a nossa impotência e a nossa dependência em relação ao financiamento externo e aos mercados financeiros? Que já não somos independentes sabemos nós. E vamos agora contentar-nos com isso? Temos de conformar-nos? É isso?! Ora é isso uma ova! O que estão o Governo e o Presidente a fazer para que voltemos novamente a ser independentes e livres? Lembra-nos o Presidente que o Estado não funciona sem a ajuda financeira do exterior. Pois! É um facto! Mas as palavras, senhores, as palavras... "Portugal, país que depende enormemente, todos os dias, do financiamento das instituições internacionais..."Wrong words!", "Le parole sono importante!" Portugal tem de voltar a ser independente. Deveria ser nisso que o Governo e o Presidente e toda a classe política e ainda, todos os portugueses, deveriam estar a empenhar todas as suas energias. Mas todo o discurso do Presidente e dos que nos governam aponta no sentido do conformismo e da impotência. E é isso que é revoltante. Fracos líderes fazem fraca a forte gente.

É preciso mudar este estado de coisas a começar por estes políticos sem desígnio que nos lideram. Mas que raio de país é Portugal, que não consegue autofinanciar-se, que não consegue erguer-se por si só, que não consegue ser livre? É isto um país? Porque haveríamos de contentar-nos com esta situação de dependência? Porque haveríamos de contentar-nos em regressar aos mercados, só para continuar a alimentar uma vida a crédito, sem qualquer liberdade e sem uma autodeterminação plena?

Ao fim de tantos anos, D. Afonso Henriques dá voltas na tumba.


[1] Cavaco Silva convoca-nos para que façamos um exercício de imaginação, como querendo mostrar-nos um cenário que nos paralise de medo. E depois? Viria o Apocalipse? Viriam aí as instituições internacionais com os seus exércitos invadir-nos? Portugal porventura desapareceria, submergido nas areias do tempo? Morreríamos todos de fome? Bardamerda! 


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