quinta-feira, fevereiro 27, 2014
Até sempre Paco (1947-2014)
Partiu ontem. Ficará a sua música, agora nossa, para sempre.
Música do Sul, das casas caiadas de branco e do sal. Mosteiro de Sal, a música que soa. Um dos seus álbuns intitula-se Castro Marim, terra da sua mãe e dos meus antepassados. Minha terra portanto.
Obrigado Paco de Lucía por tornares o fardo da nossa existência mais suportável.
sábado, fevereiro 15, 2014
Três visões convergentes para Portugal
“Caso o continente [europeu]
continue impávido, a alternativa passa pela interdependência com outras
identidades: a CPLP para a defesa e promoção da língua portuguesa no mundo
nacional e internacional; os EUA para a inovação tecnológica, científica e
universitária e para o futuro da racionalidade internacional da segurança;
Brasil, Angola, Moçambique e China, entre outros países, para o
restabelecimento das relações comerciais e financeiras suplementares ao espaço
europeu. E, sobretudo, para carrear as peças para uma governança mundial.”
José Medeiros Ferreira, Não há Mapa Cor-de-Rosa, A História (Mal)dita da Integração Europeia,
Edições 70, 2013
“É preciso uma política externa realista, guiada por uma estratégia
nacional sem preconceitos nem ilusões, que leve em conta o factor de defesa e
não esqueça os espaços lusófonos; e tal não é possível sem que se restaure a
ideia do primado da Nação como valor político, como lugar das liberdades e
direitos dos cidadãos e como elemento estrutural do desenvolvimento e da
economia.
Num mundo globalizado e com uma cultura cosmopolita de movimento e
mudança, os portugueses têm seculares vantagens competitivas: do cosmopolitismo,
identificado por Pessoa como característica nacional, à capacidade de resposta
aos grandes desafios, identificada por Jorge Dias.”
Jaime Nogueira Pinto, Portugal, Ascensão e Queda, D. Quixote,
2013
“E há duas janelas de liberdade que acho fundamentais. Uma é a Comunidade
de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que é uma instituição única. Se reparar,
a CPLP é toda constituída por países marítimos, pobres, e nenhum tem frota
marítima. Neste momento, o transporte marítimo está a ter um desenvolvimento extraordinário.
Se houver uma bandeira da CPLP e uma frota comum, nós somos capazes de a fazer.
A outra janela de liberdade é a plataforma continental, que eu considero que
tem perigos. A Comissão Europeia anunciou que vai definir o mar europeu.
Estamos dependentes das nações unidas para a aprovação da plataforma
continental, que é a maior do mundo. Sabemos a riqueza que lá está. Mas nada
disto está no programa de qualquer partido. Estava previsto que a plataforma
continental fosse aprovada em 2013, já foi adiada para 2015, receio que, com
aquela minúcia burocrática, em vez de lerem 2015, leiam 2051. A plataforma
continental é a janela de recuperação e independência de Portugal.”
Adriano Moreira, “Motivar
o Diálogo” (entrevista), Montepio,
Inverno 2013.
***
Nestas três visões convergentes,
o futuro não passa pela Europa, nem por nenhum mapa cor-de-rosa de partilha
colonial (ou seja, do regresso das velhas relações de dominação entre a Metrópole
e o Ultramar; nem tal faria sentido). O Ultramar morreu e o sonho da Europa
definha. Medeiros Ferreira bem nos lembra que “a União Europeia não precisa, nem tem, identidade e muito menos
constitui um só povo” e da necessidade de “contractos políticos e jurídicos entre as suas partes constitutivas,
cidadãos, povos e Estados”. Em suma, não deveríamos ter tanta pressa em
evidenciar-nos como “bons alunos” face a poderes e instituições europeias não
democráticas, que defendem interesses obscuros que não os da nossa pátria, e por
que não dizê-lo, da nossa Nação. A salvaguarda dos interesses e da liberdade
dos povos europeus deve ser assegurada por contractos bem firmados. É claro,
existe uma ideia romântica de Europa, porém é a realidade que deve impor-se.
“Caso o continente continue impávido”, começa por dizer Medeiros
Ferreira, ainda talvez esperançoso no despertar da nova Europa. Até agora a
Europa não tem dado mostras desse despertar: pelo contrário, é o fantasma da
velha Europa que se assoma. Não vale a pena então aguardar. O futuro não passa pela
Europa, melhor, não passa exclusivamente, nem em grande parte, pela Europa. Não
desperta a Europa, pois que despertemos nós! “A sociedade portuguesa tem de abandonar a atitude passiva que é a sua
desde a entrada na Comunidade Europeia, em 1986” (Medeiros Ferreira, 2013:
136).
Da leitura das referidas obras dos
autores supracitados ressalta a ideia de que, no estabelecimento de relações
internacionais, não devemos colocar todos os ovos no mesmo cesto, ou seja, no
cesto Europeu. Devemos diversificar as nossas relações internacionais, que
devem ser de interdependência. Existem portanto outros caminhos:
- O dos países da CPLP, em estreita interdependência e respeito mútuo, ultrapassados os velhos traumas coloniais e neocoloniais;
- O dos países onde existem espaços de lusofonia (literalmente, onde o português soa), e por aqui temos, para além dos países da CPLP, outros países, não só europeus, como a França, a Suíça ou o Reino Unido, onde significativas comunidades de portugueses se avolumam, mas também nos países emergentes como a África do Sul; ou não sendo emergentes, a Venezuela, os EUA, entre outros.
- O dos países com os quais temos relações ancestrais, como a China e a Índia, ou até a Indonésia, antigo inimigo e agora possível amigo;
- O nosso mar e a nossa plataforma continental – a nossa relação com o mar;
- E por que não, a criação de novos laços com países do Leste Europeu, como a Ucrânia, baseando-nos também na importante comunidade imigrante desse grande país presente no nosso;
- Não devemos esquecer nunca a Espanha, ou as Espanhas, que assume sempre um papel de relevo por razões históricas e geográficas; tem sido uma verdadeira “compagnon de route”;
- E claro, a União Europeia, mas neste caso, que existam relações contratualizadas entre “cidadãos, povos e Estados”, que salvaguardem os nossos interesses, a nossa soberania e a nossa independência e não o que temos agora.
Em suma, precisamos de lançar em
várias direcções, novas “amarras” relacionais que nos liguem a estes espaços.
Impõe-se a reconquista da soberania perdida.
sábado, fevereiro 08, 2014
Parece
Pois, parece que assim é. Parece
que está quase concluída a nossa proletarização. O nosso ajustamento. Estamos a
ser “ajustados”! Parece que estamos quase a regressar ao tempo em que se
desdenhava dos que borravam as botas no trabalho (ignominiosamente designados
de "borra-botas"), dos que trabalhavam com as mãos, dos cinicamente
desvalorizados por quem neles assentava o traseiro para se alçar às mais
altas cúpulas sociais. Coisa de meninos finos, sopeiras e penicos.
Cada vez que os vejo na televisão,
vem-me o cheiro a caruncho. Parece um novo Estado Novo. Parece a mesma gente.
segunda-feira, janeiro 20, 2014
«é»
Ouvi uma vez dizer, num Verão
distante do século XX, da boca do meu querido avô algarvio, já falecido - trabalhador
rural no Inverno, marnoteiro no Verão – que “Nascer é morrer!”. Ele era analfabeto, mas não era inculto. Às vezes vem-me à
memória aquele dito. A frase é reveladora de um antigo espírito mediterrânico que
parece viver ainda entre os povos do Sul, e que nele decerto vivia. Talvez uma
coisa dos antigos gregos. É uma frase muito curta, lapidar, de três palavras
apenas, mas que tudo parece conter - o nascimento, a vida e a morte. E esse “é” da frase encerra toda uma vida,
toda uma existência entre o nascimento e a morte. Esse “é” que nada é (é a mais
curta palavra da frase), é tudo o que importa. É tudo o que nos importa.
Na frase, encontramos a crença na
força do Destino, a Moira, à qual até os antigos deuses se tinham de submeter. Está
lá o ancestral fatalismo mediterrânico, a crença de que viver é sofrer, e por
isso os antigos poetas afirmavam que o melhor para o Homem era atravessar
rapidamente as portas do Hades, logo após o nascimento.
Ouvi um dia, numa igreja, um
padre afirmar na sua prédica, que o momento da morte era mais importante que o
do nascimento. Que só nesse momento se podia atestar todo um percurso,
valorizador ou desvalorizador. Sólon diria o mesmo em relação à possibilidade
de verificação da felicidade humana. Só no fim é que se vê.
sábado, janeiro 18, 2014
Alto do Jaspe
No sábado passado caminhei pela Arrábida até ao Alto do Jaspe. Uma raposa que por ali andava surpreendeu os visitantes à beira da estrada e deixou-se fotografar. Depois, desapareceu destemida por entre os carrascos (Quercus coccifera).
Do Alto do Jaspe avistei o mar brumoso e diverti-me a pensar que a América já ali estivera tão perto, há cerca de 115 milhões de anos, exactamente onde a onda petrificada da Serra do Risco parece rebentar.
Um painel, ainda intacto, informa os visitantes sobre a paisagem que se avista, a geologia e a biologia do Parque. Tomei a liberdade de transcrever o texto.
Alto do Jaspe
«Da Pedreira de Jaspe que atrás
de nós se esconde parecendo ocultar a beleza excepcional da Brecha da Arrábida
que em tantos lugares foi utilizada para enriquecer o património cultural da
região e do país, até à vista deslumbrante que à nossa frente se abre e onde se
destaca a Serra do Risco - este é mais um ponto panorâmico revelador da riqueza
paisagística e patrimonial da Arrábida.
O Risco apresenta a escarpa
litoral calcária mais elevada da Europa, com 380 m, que cai num mar calmo, azul
cristalino e verde-esmeralda. A beleza que a natureza aqui esculpiu ou desenhou
não passa despercebida e não cansa de nos maravilhar.
“A Serra [do Risco] tem o ar de
uma onda que avança impetuosa e subitamente estaca e se esculpe no ar, é uma
onda de pedra e mato, é o fóssil de uma onda.”
Sebastião da Gama (1924
– 1952)
Esta Pedreira do Jaspe é, de
entre o conjunto de antigas pequenas explorações espalhadas pela Arrábida, a
mais expressiva quanto à exposição superficial de um tipo de rocha exclusivo
desta região, a chamada Brecha da Arrábida (também designada no século XIX e
início do século XX como “Brecha de Portugal” ou “Mármore da Arrábida”).
A Brecha da Arrábida, formada
durante o Jurássico Superior, há cerca de 160 Milhões de anos, recobre uma
descontinuidade sedimentar cujo estudo é fundamental para o melhor conhecimento
das fases iniciais de evolução do Oceano Atlântico. Naquele tempo o grande
continente euroasiático e o norte-americano encontravam-se ainda unidos,
formando-se um só continente, que foram definitivamente separados e
sucessivamente afastados até à actualidade, por alastramento contínuo dos fundos
oceânicos, a partir do final do Cretácico Inferior (há 115 milhões de anos).
O conjunto de afloramentos da
Pedreira do Jaspe, que foram, na realidade, duas pedreiras com laborações
separadas até ao ano de 1976, aquando da criação do Parque Natural da Arrábida,
coloca em evidência diversos aspectos geológicos relacionados com a História da
Terra nesta região atlântica.»
Parque Natural da Arrábida – Parque Marinho
«A fauna terrestre na área do Parque
apresenta uma assinalável riqueza, com mais de 850 espécies de invertebrados e vertebrados.
Nas falésias localizam-se grutas que albergam uma importante fauna cavernícola,
incluindo algumas espécies de morcegos ameaçadas, com estatuto de protecção e
que aqui se reproduzem e hibernam.
Existem duas espécies únicas de
flora, dois endemismos arrabidenses: Convolvulus
fernandensii e Euphorbia pedroi
que surgem em matagais abertos nos afloramentos rochosos voltados para sul
sobre o mar. Ocorrem exclusivamente na Serra da Arrábida três endemismos de
fauna, dois coleópteros (gorgulhos-esmeralda) e o caracol Candidula setubalensis, que se encontra na lista vermelha da IUCN.
Ao longo da costa escarpada, os
fundos rochosos dão lugar a baías abrigadas, a praias de areia e a grutas
marinhas onde vivem mais de mil espécies. Nas arribas e nas falésias nidificam
aves e existem fósseis de pegadas de dinossauros. Tais características fazem
deste lugar marinho um dos mais ricos a nível europeu.
Por isso, em 1998, foi criado o
Parque Marinho, incluído no Parque Natural da Arrábida da Arrábida, onde a vida
marinha recupera e o mar enriquece, oferecendo um futuro melhor para a pesca e
para o turismo sustentável.»
sábado, janeiro 11, 2014
Homens excelentes, homens felizes
Por estes dias da morte de Eusébio, lembrei-me desta velha história:
![]() |
| Cleóbis e Bíton Museu Arqueológico de Delfos |
«Por estas razões, pois, e pelo
desejo de ver terras, Sólon saiu do país e foi visitar Amásis ao Egipto e Creso
a Sardes. À sua chegada, foi hospedado por Creso no seu palácio. Depois, no
terceiro e no quarto dia, por ordem de Creso, os servidores passearam Sólon
pelos tesouros e mostraram-lhe toda a riqueza e opulência aí existentes. Depois
de ter observado e examinado tudo, quando considerou o momento oportuno, Creso
perguntou-lhe: “Hóspede ateniense, até nós chegaram muitas vezes relatos a teu
respeito, por causa da tua sabedoria e das tuas viagens como, por amor à
sabedoria, tens percorrido toda a Terra, levado pela curiosidade. Vem-me agora
o desejo de te perguntar se já vistes alguém que fosse o mais feliz dos
homens.” Interrogou-o dessa forma, na esperança de ser ele o mais feliz de
todos, mas Sólon, sem qualquer lisonja e com sinceridade, reponde: “ Sim, ó
rei, Telo de Atenas”. Surpreendido com a resposta, Creso perguntou com
interesse: “Porque julgas que Telo é o mais feliz?” E ele explicou: “Natural de
uma cidade próspera, por um lado, teve filhos belos e bons e de todos eles viu
nascerem filhos e todos permaneceram com vida; por outro, depois de gozar uma
vida próspera, para o nosso meio, teve o mais brilhante termo da vida. Declarada
a guerra pelos atenienses contra os seus vizinhos de Elêusis, ele acorreu em
auxílio, provocou a fuga dos inimigos e morreu da forma mais gloriosa. Os
Atenienses sepultaram-na com exéquias públicas no próprio local em que tombou e
tributaram-lhe grandes honras”.
Como Sólon, ao falar das muitas
prosperidades de Telo, incitara Creso, este perguntou quem, dentre os homens
que ele vira, seria o segundo depois de Telo, imaginando obter de certeza pelo
menos o segundo lugar. Mas Sólon respondeu: “Cleóbis e Bíton. Estes de facto,
que eram de raça argiva, tinham suficientes meios de subsistência e eram, além
disso, dotados de grande força física. Os dois foram igualmente atletas
vencedores e deles conta-se ainda a seguinte história. Numa altura em que os
Argivos celebravam a festa em honra de Hera, tornava-se absolutamente
necessário que a sua mãe fosse levada num carro ao templo, mas os bois não
chegaram a tempo do campo. Constrangidos pela falta de tempo, os jovens
submeteram-se eles próprios ao jugo, puxaram o carro em que sua mãe se colocara
e, numa distância de quarenta e cinco estádios, transportaram-na até ao
santuário. Depois de fazerem isto, sob os olhares de toda a assembleia,
sobreveio-lhes o melhor termo de vida, e neles mostrou a divindade ser melhor
para o homem morrer do que viver. Os Argivos, rodeando os jovens, elogiavam a
sua força e as Argivas a mãe que tais filhos teve. Ela, cheia de júbilo pela
façanha e pelos elogios, de pé diante da estátua, pediu que a deusa concedesse
aos seus filhos Cleóbis e Bíton, que tanto a haviam honrado, o melhor que um
homem pode obter. Depois desta prece, uma vez realizados o sacrifício e o
banquete, os jovens adormeceram no próprio templo e não se levantaram mais. Foi
esse o fim que tiveram. Os Argivos ergueram-lhes estátuas que consagraram em
Delfos como homens excelentes que eram.”
Heródoto, Histórias (Livro 1º), Lisboa, Edições 70, 1994, pág. 74 e 75.
Sólon, é claro, foi rapidamente despedido pelo indignado Creso, "sem dele receber qualquer palavra".
Telo de Atenas, Cleóbis e Bíton,
eram homens excelentes para os gregos e tiveram o tratamento devido aos homens
excelentes: após a morte, foram sepultados com exéquias públicas e ergueram-lhes
estátuas consagradas em templos sagrados.
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domingo, janeiro 05, 2014
sexta-feira, janeiro 03, 2014
Os Gregos , de H.D.F. Kitto
«A graça e o encanto são os sinais da arte iónica, da mesma maneira que a força e a beleza o são da arte dórica. Para avaliar este facto, basta comparar a arquitectura iónica com a dórica: a leveza geral do estilo iónico, realçada pelas encantadoras volutas dos seus capitéis, oferece um contraste impressionante.»
Kitto, H.D.F., Os Gregos, 3ª ed., Coimbra, Arménio Amado
Editora, 1990. Pág. 143.
***
Excelente obra, a de H.D.F. Kitto
sobre os Gregos da época clássica. Custa apenas €6,90, mas vale muito mais. Passa quase despercebida nas estantes das livrarias. Feliz o dia em que a folheei curioso. Foi editada pela
primeira vez em 1951 (em Portugal, em 1959), traduzida por
José Manuel Coutinho e Castro, e revista pela Exma. Senhora Doutora
Maria Helena da Rocha Pereira.
Equiparo-a, pelo prazer que a sua
leitura me suscita, ao Fogo Grego de
Oliver Taplin. A terceira edição d’Os Gregos que ainda resiste nas estantes é de 1990, quando se realizou uma tiragem de 3000 exemplares.
Questiono-me, como pode uma obra deste jaez não se ter esgotado durante estes 23 anos? Que sorte ter dado com ela.
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quarta-feira, janeiro 01, 2014
A Mensagem do Presidente
Gostei de ouvir a Mensagem de Ano
Novo do Presidente da República, mas,
perdoem que pergunte: não é a assumpção da necessidade de um “programa cautelar” a
prova evidente do falhanço das políticas tomadas até aqui por este Governo, que
tem sido tão bem respaldado pelo Presidente?
Julgo que não vale a pena dourar
a pílula: a necessidade de um “programa cautelar” é uma prova mais do que evidente
do falhanço das políticas governamentais, para não falar do resto – dos elevados
níveis de desemprego, da pobreza, das desigualdades sociais, da emigração, do
défice orçamental, etc., etc. etc. Faz por isso todo o sentido clamar por mais
justiça social e por desenvolvimento (na Mensagem de Ano Novo, o Presidente não se esqueceu de referir estes desígnios). Na verdade, o crescimento económico de nada nos servirá se
não for acompanhado por desenvolvimento, ou seja, para ser mais exacto, pela
criação de emprego, pela redução da pobreza e pela diminuição das injustas
desigualdades sociais.
Além disso, por muito virtuoso
que possa ser o “programa cautelar” – parece que é assim que querem que pensemos
dele, que é uma coisa virtuosa - a verdade é que a Irlanda o rechaçou.
Serão os irlandeses parvos?
Se vier o “programa cautelar”, o que quer que isso seja, em
caso de necessidade, dizem, e se for accionado, adivinhe quem vai pagar?
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