«à vista de um país que ardeu como nunca, atiçado pelos eucaliptais,
pretende [o Governo] abrir às celuloses as zonas de Reserva Agrícola Nacional,
que elas há tanto tempo cobiçam; e que se prepara para, de forma cobarde e
sinuosa, entregar a Reserva Ecológica Nacional à especulação imobiliária,
começando por dispersar a respectiva lei por várias outras leis (cada uma das
quais abrindo excepções e alçapões à medida), e por dispensar de autorização,
para já, as “pequenas construções” de “apoio agrícola” e etc. (o que rapidamente
se traduzirá em golfes, aldeamentos turísticos, juro-vos eu).»
Miguel Sousa Tavares, “Yale,
Campo de Ourique”, Expresso, 29 de
Setembro de 2012
Na sanha de tudo vender, tudo
privatizar, tudo tornar mercadoria, o Governo vira-se agora para as reservas de
território que permaneciam relativamente incólumes e protegidas da voracidade
da especulação: a reserva agrícola nacional e a reserva ecológica nacional. O território
que se reservava à agricultura e ao ambiente é agora entregue aos amigos das
celuloses e aos dos campos de golfe. Um verdadeiro governo ao serviço das
grandes interesses empresariais e especulativos, contra os cidadãos, avança com
a neoliberalização do território, de forma cobarde e insidiosa.