sexta-feira, julho 31, 2020
quarta-feira, julho 29, 2020
O dinheiro de Bruxelas e o país dos espertalhões
Todos os espertalhões do país estão já a congeminar um plano para justificar o direito ao dinheiro e à subvenção, ao fundo e ao maneio.
Clara Ferreira Alves, Revista E, Expresso, 24 de Julho de 2020
Não fosse este o país dos cobiçosos pilhadores-quando-podem. A ocasião faz o ladrão. Não sei porquê, vem-me sempre à memória a carraca de Albuquerque à saída de Malaca. Naufragou logo ali com o peso da pilhagem.
É o retrato de um povo. Se não de um povo, pelo menos de uma parte dele muito significativa.
Etiquetas:
Clara Ferreira Alves,
Portugal
terça-feira, julho 28, 2020
Escritos na parede, em Almada
Frases enigmáticas, escritas provavelmente por algum
anarquista, de fugida, numa noite muito escura. Frases que nos desafiam de
propósito, e, portanto, frases que gostamos de desafiar.
Eis uma das frases:
“O futuro é passado no presente”
Este “passado” é importante pois pode referir-se ao decorrer,
e nesse caso a frase diz-nos que o futuro decorre no presente. Ou pode
referir-se tão só ao que já ocorreu, ao tempo antes do presente. E aqui
surge um paradoxo: como é que o futuro se pode considerar tempo antes do
presente? A frase presta-se a diferentes interpretações e conduz-nos ao paradoxo.
Na verdade, o presente é o futuro do passado. Esta
ideia está expressa no excelente livro de Ivan Krastev (2020), O Futuro por Contar, Objectiva, na página 18. Diz ele:
A diferença entre o passado e o
presente é que nunca podemos conhecer o futuro do presente, mas já vivemos o
futuro do passado.
Eis outra frase que lemos nas paredes, provavelmente escritas
pela mesma pessoa, pois a letra era a mesma:
“O dinheiro que salva também mata”
Por que não o contrário? Ou seja: o dinheiro que mata
também salva.
O “também” é de extrema importância
na frase, assim como a palavra que surge no fim. Na frase inscrita na
parede, o dinheiro é um malvado, pois no fim acaba por matar. Na frase que
proponho o dinheiro no fim também salva. Acaba por ser uma visão mais positiva
de um meio que é o dinheiro. O dinheiro não tem culpa. O uso que dele se faz é
que pode ser questionável. Atirar no dinheiro
é atirar ao lado.
Mas ainda assim, as referidas frases
inscritas na parede são frases-pontapé. Frases que nos fazem pensar, nos
interpelam e desafiam.
Mas como dizia Nanni Moretti: le parole sono importanti!
segunda-feira, julho 27, 2020
domingo, julho 26, 2020
Racistas ilustres*
Hoje derrubaram e vandalizaram a estátua do Cristóvão Colombo no Funchal, porque era racista, acusam-no. Sim à
luz do contexto actual, Cristóvão Colombo era racista. Não o era, ou esse facto
não relevava, no contexto histórico em que viveu. A história, se a analisarmos
à luz do actual contexto moral, está cheia de racistas ilustres: Cristóvão
Colombo, o padre António Vieira, Ghandi, Churchill, são os
nomes que nos ocorrem, acusados de racismo, mas outros haverá. É bom não
esquecer as atrocidades do passado, o esclavagismo e o imperialismo, os
genocídios, é bom não esquecer a história, para que os mesmos erros não tornem
a ser cometidos, mas também é bom não esquecer os contextos. Derrubar estátuas é
um acto de zelotismo primário que não deve ser tolerado em democracia. Não se
pode tolerar que uma minoria contorne a democracia para impor a sua vontade e
a sua ideologia aos demais. Somos pelo livre jogo democrático. Se as
estátuas desagradam então que se proponha um referendo para apurar se os
cidadãos são favoráveis ou não à sua remoção do pedestal, na sua cidade. Elas poderão ser removidas, mas se assim for que
o sejam democraticamente. A democracia tem de falar mais alto, e no caso, a
democracia directa.
ΩΩΩ
Será que os zelotas que
desfiguraram a estátua de Atena e destruíram os templos da Era Clássica tinham
razão? Será que os talibans que destruíram os budas de Bamiyan tinham razão?
Será que os fundamentalistas do Estado Islâmico que destruíram Palmira tinham
razão? Não nos parece.
Abaixo o fascismo iconoclasta!
______________________________________________________
*Entenda-se que este título é uma provocação. Um oxímoro. Não há nada de ilustre no racismo. Mas há racismo e racistas. Mas muitas vezes confunde-se racismo com racistas e generaliza-se abusivamente a todo um povo a ignomínia do racismo, quando se diz que um povo é racista por nele haver racistas. A existência de racistas num povo não significa que todos o sejam, ou que a maior parte o seja.
______________________________________________________
*Entenda-se que este título é uma provocação. Um oxímoro. Não há nada de ilustre no racismo. Mas há racismo e racistas. Mas muitas vezes confunde-se racismo com racistas e generaliza-se abusivamente a todo um povo a ignomínia do racismo, quando se diz que um povo é racista por nele haver racistas. A existência de racistas num povo não significa que todos o sejam, ou que a maior parte o seja.
Inclinações e prosternações: uma forma de jihad
Islâmicos prosternados junto a Hagya Sophia |
A exacerbação final [do militantismo sagrado islâmico] encontra a sua expressão mais concreta na prece obrigatória (salāt), praticada cinco vezes ao dia, cada uma compreendendo dezassete inclinações e duas prosternações – por isso, cada muçulmano praticante efectua diariamente oitenta e cinco inclinações e dez prosternações diante de Alá, ou seja, 29 090 inclinações e 3540 prosternações por ano lunar, com as recitações que as acompanham. (…) A palavra árabe masdjid, «mesquita» designa, por conseguinte, o «local de prosternação». Seria dar provas de leviandade de espírito subestimar o efeito formador do ritual praticado muitas vezes. O próprio profeta diz: Ad-dînu um’amala, a religião é o comportamento. Por esse motivo, os eruditos do islão chegam ao ponto de afirmar, com certa razão, que a prece ritual é uma forma de jihad.
Peter Sloterdijk (2009),
A Loucura de Deus, Relógio D’Água, pág. 66.
(destaque a negrito nosso)
(destaque a negrito nosso)
***
A religião é o ópio do povo. Os
ditadores gostam de ministrá-lo em doses maciças.
Etiquetas:
Peter Sloterdijk,
Religião,
Santa Sofia,
Turquia
sábado, julho 25, 2020
A reabertura das escolas em tempos de pandemia: três casos
Fonte: https://www.worldometers.info/coronavirus/ (consultado a 25 de Julho)
***
A reabertura das escolas em
tempos de pandemia é a grande questão política que se coloca neste momento e
assim será em crescendo até Setembro. A importância das escolas no
funcionamento das sociedades é fulcral. Se houvesse alguma dúvida em relação ao
seu papel, esta pandemia contribuiu para apagá-la. De facto, é preciso uma
aldeia inteira para educar uma criança. De acordo com a revista TIME “60% das escolas em 186 países e territórios encerraram devido aos confinamentos, levando a que 1,5 mil milhões de estudantes tivessem de ficar em casa”. Fala-se
apenas de estudantes, mas o número avoluma-se quando se pensa em toda a
comunidade educativa.
É compreensível a ansiedade de
alguns governantes com a reabertura das escolas no Outono. Querem re-normalizar
o funcionamento das sociedades e da economia o mais depressa possível. Mas,
qualquer precipitação pode ter consequências trágicas, levando ao aumento da
difusão dos contágios e, consequentemente, ao aumento exponencial do número de
óbitos.
O artigo da TIME ilustra três
exemplos de reabertura das escolas, um com relativo sucesso, o dinamarquês, um
intermédio, o sul coreano e um que correu mal, o israelita. Olhando para os
gráficos da evolução do número de casos por dia são patentes as diferenças
entre os três países após a reabertura das escolas, facto que reflecte as diferentes
condições com que reabriram.
Na Dinamarca reduziu-se o número
de alunos por turma, formaram-se microgrupos de doze alunos - um modelo a que
chamaram “bolha protectora”. De acordo com a TIME estes grupos “chegavam à escola separadamente, em momentos programados, para a sua chegada não coincidir com a de outros grupos, almoçavam à parte dos demais e tinham as suas próprias áreas de recreio. A todos os alunos se requeria que lavassem as mãos a cada duas horas, mas não tinham de usar máscara. As carteiras foram separadas dois metros umas das outras, todo o material educativo tinha de ser desinfectado duas vezes ao dia, se possível, e aos encarregados de educação não era permitida a entrada no espaço escolar”. Este protocolo foi prosseguido primeiro para os alunos mais novos,
sendo depois generalizado aos alunos dos níveis mais avançados, quando chegou a
sua vez.
Em Israel, inicialmente foi
seguido o modelo da “bolha protectora”, mas ao fim de duas semanas após a
reabertura das escolas a 3 de Maio, as limitações que se colocavam ao tamanho
das turmas foram levantadas. O resultado foi o agravamento das situações de
contágio entre alunos, professores e comunidade educativa, forçando o governo a
fechar as escolas a 3 de Junho.
Seria bom que isto não
acontecesse em Portugal, quando as escolas reabrirem em Setembro.
quinta-feira, julho 23, 2020
Medo e crueldade
Em nenhuma parte da Europa o
Alemão me aparecera tão nu, tão descoberto, como na Polónia. No decorrer da
minha longa experiência de guerra, tinha-me convencido de que o Alemão não tem
medo do homem forte, do homem armado que o enfrenta com coragem e que lhe faz
frente. O Alemão tem medo dos desarmados, dos débeis, dos doentes. O tema do
«medo», da crueldade alemã como efeito do medo, tornara-se o tema fundamental
de toda a minha experiência. Para quem olhar bem, com inteligência moderna e
cristã, este «medo» inspira piedade e horror, e nunca me tinha suscitado tanta
piedade e tanto horror como na Polónia, onde me aparecia em toda a sua
complexidade o elemento mórbido, feminino, da sua natureza. O que move o Alemão
para a crueldade, para os actos mais fria, mais metódica, mais cientificamente cruéis
é o medo. O medo dos oprimidos, dos desarmados, dos débeis, dos doentes, o
medo dos velhos, das mulheres, das crianças, o medo dos judeus.
Curzio Malaparte (1944), Kaputt, Publicações
Europa-América, 1979, pág. 88.
O desconhecimento e o
desconhecido escondem-se sempre por trás do medo. O medo do outro, esse
desconhecido, pode conduzir, em situação extrema, à agressão, quando pressentimos
no outro uma potencial ameaça, um risco, um perigo. Colocamo-nos em guarda ante
o desconhecido. O outro é um abismo.
Os Alemães pouco participaram das grandes
navegações e dos encontros entre povos e civilizações, iniciadas no século XV. Só quanto os europeus
partilharam a África, no final do século XIX, lhes coube a Togolândia, o
Camarões, a África Oriental (actual Tanzânia) e o Sudoeste Africano (actual
Namíbia). Neste último território ensaiaram o extermínio de povos autóctones e o
funcionamento de campos de concentração*, “solução” que viriam mais tarde a adoptar
largamente na Europa, durante a IIª Guerra Mundial, para fins de extermínio, não
só de judeus, mas principalmente de judeus.
_____________________________
(*) Sobre as atrocidades dos
Alemães no Sudoeste Africano, ver Niall Ferguson, Civilização: o Ocidente e
os Outros, Civilização Editora, 2012, pp. 205-213.
Etiquetas:
Colonialismo,
Curzio Malaparte
quarta-feira, julho 22, 2020
O brasileiro
O brasileiro é um feriado.
Nelson Rodrigues (1912-1980)*
__________________
*citado por:
Oscar Mascarenhas, O Grande Livro dos Pensamentos & das Citações, Marcador, 2015.
segunda-feira, julho 20, 2020
Não, não é Horácio, é Macaulay
Then out spake brave Horatius,
The Captain of the Gate:
"To every man upon this earth
Death cometh soon or late.
And how can man die better
Than facing fearful odds,
For the ashes of his fathers,
And the temples of his gods
Thomas Babington Macaulay, Lays of Ancient Rome (1842)
Uma tradução:
Então falou o bravo Horácio,
O Capitão do Portão:
“A todo o homem acima desta terra
A morte virá mais cedo ou mais tarde.
E que melhor morte pode um homem desejar
Do que enfrentando riscos tremendos,
Em nome das cinzas dos seus antepassados
E dos templos dos seus deuses”
Thomas Macaulay, Cantos de Roma Antiga (1842)
Etiquetas:
Macaulay,
Poemas da minha vida,
Poesia
domingo, julho 19, 2020
Deserta como o fim do mundo
Alentejo. Imediações de Santa Margarida do Sado.
Ouvia-se um sibilar distante. Um som que se confundia com o ligeiro sopro do vento nas copas das árvores, mas, apurando mais o
ouvido, percebia-se que eram veículos circulando ao longe a alta
velocidade. Os automóveis sibilavam na auto-estrada. Naquela estrada porém, nem um só passou enquanto estivemos parados para abastecer o estômago.
36º C à sombra e uma estrada deserta.
Deserta como o fim do mundo.
Deserta como o fim do mundo.
quarta-feira, julho 15, 2020
Era uma vez na Europa
Boaventura de Sousa Santos (2020), A Cruel Pedagogia do Vírus, Edições
Almedina.
óóóóó
Uma pandemia desta dimensão provoca justificadamente comoção mundial. Apesar de se justificar a dramatização, é bom ter sempre presente as sombras que a visibilidade vai criando. Por exemplo, os Médicos Sem Fronteiras estão a alertar para a extrema vulnerabilidade ao vírus por parte dos muitos milhares de refugiados e imigrantes detidos nos campos de internamento na Grécia. Num desses campos (campo de Moria), há uma torneira de água para 1300 pessoas e falta sabão. Os internados não podem viver senão colados uns aos outros. Famílias de cinco ou seis pessoas dormem num espaço com menos de três metros quadrados. Isto também é Europa – a Europa invisível.
Boaventura de Sousa Santos (2020), A Cruel Pedagogia do Vírus
***
Antes de mais diga-se que o livrinho
de Boaventura de Sousa Santos é excelente, porque convida à reflexão. Mas não
concordamos com tudo.
O facto de cairmos de paraquedas em
solo europeu não nos torna automaticamente europeus. Estar na Europa não implica
necessariamente ser da Europa ou ser europeu. Para contrariarmos Boaventura de Sousa Santos, quando refere que “Isto também é Europa – a Europa invisível.”
diremos que não é Europa, é antes na Europa. Na fronteira sul da Europa,
no caso. A constatação deste facto deverá aliviar as nossas consciências? Talvez
não. A Europa encontra-se perante um desafio e Boaventura de Sousa Santos
desafia-nos.
Digamos que entre os recém-chegados
à nossa casa há os que fogem do pesadelo da guerra (os refugiados) e há os que
perseguem com ambição um sonho europeu (os imigrantes económicos, muitos deles ilegais). E para tornar as coisas
ainda mais complexas há ainda os que fogem dum pesadelo bélico e acalentam, ao
mesmo tempo, o sonho europeu. Ora defende-se aqui que devem ser acolhidos todos
os que fogem ao pesadelo da guerra, independentemente de acalentarem ou não o
sonho europeu. Defende-se aqui, também, que a dívida moral dos europeus para
com os outros povos do mundo, pelas malfeitorias que os europeus realizaram no
passado, entre as quais se contam a exploração colonial e a escravatura, não é
eterna, ao contrário do que muitos parecem defender, para justificarem a defesa de políticas migratórias de
porta escancarada.
Não, não é Europa, é na
Europa. E sim, é invisível, mas na Europa invisível, porque ninguém para lá vira
o rosto*.
_____________
(*) Temos vergonha em dizer que de lá toda a gente desvia o rosto porque nos vem à memória o gesto que os civis alemães esboçavam quando eram obrigados, pelas tropas aliadas no final da IIª Guerra Mundial, a caminhar entre as pilhas de cadáveres dos campos de concentração: desviavam o rosto.
Etiquetas:
Boaventura de Sousa Santos,
Livros Lidos
terça-feira, julho 14, 2020
Entretanto, no Mar da China Meridional
Os porta-aviões USS Nimitz e USS Ronald Reagan e a respectiva escolta, num raro exercício no Mar da China Meridional
Entretanto, no Mar da China
Meridional, jogam-se jogos de guerra. A hiperpotência em declínio mostra os
dentes à potência em ascensão. Uma manifestação de força para conter veleidades
chinesas. Os E.U.A. não estão dispostos a tolerar a expansão chinesa no Mar da
China Meridional, que em parte se baseia na construção de ilhas artificiais
para depois reivindicar direitos soberanos sobre o mar envolvente. Há muito que
a ilha da Formosa (Taiwan), localizada imediatamente a nordeste daquele mar, está na
mira da China, e todos sabemos o que trava os chineses. Não ousarão esboçar um
gesto de invasão enquanto se sentirem menos poderosos do que os E.U.A. também naquelas
águas. Os E.U.A., entretanto, não se inibem de anunciar que consideram ilegal a maior parte das reivindicações marítimas chinesas.
A China é paciente.
segunda-feira, julho 13, 2020
O mundo de amanhã. Pobre América.
Carlos Gaspar (2020), O Mundo
de Amanhã, Geopolítica Contemporânea, Fundação Francisco Manuel dos Santos.
óóóó
O livrinho de Carlos Gaspar, O
Mundo de Amanhã, Geopolítica Contemporânea interessa aos que se preocupam com os rumos
do mundo.
Nele se percebe que o futuro
geopolítico já é o presente. Estados Unidos da América, hiperpotência em declínio,
Rússia estagnada, a lutar por manter o estatuto de superpotência, e China em
ascensão económica, militar, científica e tecnológica, são os actores de
primeira grandeza nesse palco geopolítico do mundo, com a União Europeia
(conjuntamente com o Reino Unido), em segundo plano.
Da conclusão do autor concluímos
que o mundo de amanhã é incerto, balizado no entanto por algumas certezas que
se prendem com os protagonistas geopolíticos, o jogo entre eles, e os possíveis
papéis que irão desempenhar no teatro do mundo.
Nos primeiros parágrafos da
conclusão concluímos que o futuro do mundo oscila entre uma utopia e uma
distopia: “No mundo de amanhã, é possível que as pessoas vivam bem para lá dos
cem anos…” e, no parágrafo seguinte, “No mundo de amanhã, é igualmente possível
que o isolamento e o tédio condenem os mais velhos a uma escolha impossível
entre a melancolia e o suicídio…” (Gaspar, 2020, págs. 97-98). É assim que
começa, na conclusão, por traçar dois cenários possíveis e extremos, mas vai
muito para além das questões demográficas e gerontológicas.
Talvez o rumo se encontre entre a
utopia e a distopia, num equilíbrio instável. E, neste caso, é sempre bom saber de que lado se
encontra o abismo.
***
Muito se sublinhou, mas cá vai uma frase sublinhada e uma reflexão:
O “sonho chinês” realiza-se
com as novas Rotas da Seda.
Carlos Gaspar (2020),
op. cit., pág. 46
Ah, as grandezas do mundo e os
sonhos de grandeza! Muitos querem ser grandes, projectando no futuro os gloriosos
momentos do passado. Sonham os chineses então com futuras rotas da seda. Os
russos sonham com paradas militares imperiais. Os portugueses, com projecções
no mar, o mar, o mar. Sonhos de impérios pretéritos.
Os americanos ainda são grandes e não sonham. Têm pesadelos. Pesadelos chineses. Sentem a sua grandeza ameaçada. Sentem que perdem o pé. Só assim se explicam as proclamações de America first!, e, Make America great again! Nem que seja atropelando os demais, açambarcando meios e remédios, como se tem visto com o remdesivir. Pobre América.
Etiquetas:
Geopolítica,
Livros Lidos
domingo, julho 12, 2020
Azenhas do Mar em tempo de SARS-CoV-2
Envolta na bruma, depois do almoço domingueiro, em pleno Verão. Uma frescura. Cerca de 21ºC quando Lisboa arde com 32º C. Um refúgio contra o calor abrasador do Estio, a poucos quilómetros da capital.
É claro que no novo normal é impossível evitar o medo do vírus quando se sai à rua. Ele avista-se por vezes no olhar daqueles com quem nos cruzamos, o que é muito desagradável. No caminho, com cerca de dois metros de largura, que se avista no canto inferior direito da fotografia de baixo, uma família - pai, mãe e dois filhos - que vinha subindo, pouco antes de cruzar-se connosco, colocou as máscaras e apartou-se bem, não fossemos ter peçonha. O olhar receoso da filha adolescente por detrás da máscara cruzou-se com o meu. Reparei depois nesse olhar já aliviado mais adiante, ao retirar a máscara com todo o cuidado.
Diabo de novo normal.
Mas também se ouviram risos nas esplanadas, de gente jovem, ociosa e feliz.
Etiquetas:
Azenhas do Mar,
Fotografia
segunda-feira, julho 06, 2020
For a Few Dollars More, de Ennio Morricone
Quero aqui também homenagear o maestro Ennio Morricone (1928-2020), cuja música me tem acompanhado desde tenra idade. Por vezes dava comigo a trauteá-la sem me lembrar bem da proveniência. Onde é que tinha ouvido aquilo? Música magnífica. Partiu hoje.
Curiosamente, faz quase um ano em que publiquei aqui uma música sua.
Magnífico.
Até sempre Ennio Morricone.
Etiquetas:
Ennio Morricone,
Música,
Partidas
A Geografia não está em lugar nenhum, a Geografia está em todo o lado
óóóóó
Origens, Como a Terra nos
Criou, de Lewis Dartnell, é o melhor livro de Geografia que li nos
últimos anos, embora seja mais do que um livro de Geografia.
As prateleiras das livrarias reservadas
aos livros de Geografia são, curiosamente, difíceis de localizar pois é reduzido número de livros que as compõem: alguns atlas e meia dúzia de livros
técnicos. Por vezes nem existem. Este facto poderia levar-nos a pensar que se trata
de uma disciplina moribunda, se compararmos o espaço dedicado à História, à
Economia, à Política, à Filosofia ou à Sociologia. Mas assim não é. É um caso
paradoxal: a Geografia não está em lugar nenhum porque a Geografia está em todo o
lado. Encontramo-la na estante de Arquitectura, por exemplo nos magníficos escritos
de Álvaro Domingues, do qual destaco A Volta em Portugal (2017),
encontramo-la na estante da Política, nos livros de Tim Marshall, por exemplo, com
o famoso Prisioneiros da Geografia (2017), encontramo-la no
magnífico Colapso (2008) de Jared Diamond, na estante de História,
e até o relato da Primeira Viagem em Redor do Mundo (2020), de
António Pigafetta, justamente também na estante de História, embora não deixe
de ser um relato de grande interesse geográfico. E agora, noutra estante qualquer,
perto de si, que não a de Geografia, encontramos o Origens, Como a Terra
nos Criou (2019), de Lewis Dartnell.
Estes livros são, acima de tudo, livros
de Geografia. Deviam ser incontornáveis (para não dizer “obrigatórios”) para
quem ensina e para quem quer aprender Geografia, ou para quem quer ter uma perspectiva
geográfica do mundo, pois tratam da relação entre o Homem e a Terra ou, dito de
outra forma, tratam do espaço geográfico, esse espaço que resulta das interacções
que se estabelecem entre o meio e o ser humano que o habita e ao qual se adapta
e transforma.
Cinco estrelas para o Origens, Como a Terra nos
Criou, de Lewis Dartnell!
Etiquetas:
Geografia,
Livros Lidos
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Etiquetas
- . (3)
- 25 de Abril (14)
- Acordo Ortográfico (1)
- Açores (2)
- Adelino Maltez (2)
- Adriano Moreira (8)
- Afeganistão (7)
- Afonso de Albuquerque (1)
- África (10)
- Agamben (2)
- Agostinho da Silva (9)
- Água (1)
- Agustina Bessa-Luís (1)
- Alcácer do Sal (2)
- Alcochete (1)
- Alentejo (1)
- Alepo (1)
- Alexandre Farto (1)
- Alfonso Canales (1)
- Algarve (15)
- Alienação (1)
- Allan Bloom (1)
- Almada (1)
- Alterações Climáticas (1)
- Álvaro Domingues (1)
- Ambiente (68)
- América (2)
- Amy Winehouse (1)
- Anaximandro (1)
- Âncoras e Nefelibatas (1)
- Andaluzia (7)
- Andrew Knoll (1)
- Angola (2)
- Ann Druyan (1)
- Ano Novo (2)
- António Barreto (1)
- António Guerreiro (3)
- Antropoceno (5)
- Antropologia (3)
- Apocalípticas (1)
- Arafat (1)
- Arcimboldo (1)
- Aretha Franklin (1)
- Aristides de Sousa Mendes (1)
- Aristóteles (4)
- Arqueologia (1)
- Arquíloco (1)
- Arquitectura (1)
- Arrábida (2)
- Arte (12)
- Arte Etrusca (1)
- Astronomia (11)
- Atletismo (5)
- Azenhas do Mar (1)
- Babel (3)
- Banda Desenhada (1)
- Banksy (2)
- Baudelaire (1)
- Bauman (25)
- Benfica (3)
- Bento de Jesus Caraça (3)
- Bernard-Henri Lévy (1)
- Bernini (1)
- Bertrand Russel (1)
- Biden (1)
- Bill Gates (1)
- Biodiversidade (1)
- Biogeografia (1)
- Bismarck (1)
- Blogosfera (11)
- Blogues (3)
- Boas-Festas (1)
- Boaventura de Sousa Santos (6)
- Bob Dylan (2)
- Brasil (4)
- Brexit (5)
- Bruegel (1)
- Bruno Patino (1)
- Cão d' Água (1)
- Capitalismo (5)
- Caravaggio (2)
- Carl Orff (1)
- Carlo Bordoni (1)
- Céline (1)
- Censura (1)
- Cervantes (2)
- Charles Darwin (1)
- Charles Trenet (1)
- Chesterton (1)
- Chico Buarque (1)
- China (4)
- Chris Jordan (2)
- Cícero (3)
- Cidade (1)
- Ciência (14)
- Ciência e Tecnologia (5)
- Ciência Política (2)
- Cinema (1)
- Citações (118)
- Civilizações (9)
- Clara Ferreira Alves (4)
- Claude Lévy-Strauss (3)
- Claude Lorrain (1)
- Coleridge (1)
- Colonialismo (1)
- Colum McCann (1)
- Comunismo (1)
- Conceitos (1)
- Conquista (1)
- Cormac McCarthy (4)
- Cornelius Castoriadis (4)
- Coronavírus (7)
- Cosmé Tura (1)
- COVID-19 (3)
- Crise (2)
- Crise financeira (1)
- Cristiano Ronaldo (4)
- Cristo (1)
- Crítica literária (1)
- Croce (1)
- Cultura (5)
- Curzio Malaparte (2)
- Daniel Bessa (1)
- Daniel Boorstin (1)
- David Attenborough (3)
- David Bowie (1)
- David Harvey (8)
- David Landes (1)
- David Wallace-Wells (1)
- Dedos famosos que apontam (5)
- Democracia (7)
- Demografia (1)
- Desabafos (3)
- Descartes (1)
- Desemprego (1)
- Desenvolvimento (2)
- Desmond Tutu (1)
- Desporto (15)
- Direitos Humanos (1)
- Diversão (1)
- Don Delillo (1)
- Dudley Seers (1)
- Dulce Félix (1)
- Dürer (3)
- E.O. Wilson (3)
- E.U.A. (1)
- Eça de Queirós (2)
- Economia (69)
- Eduardo Lourenço (3)
- Educação (35)
- Edward Soja (2)
- Einstein (1)
- Elias Canetti (1)
- Elites (1)
- Embirrações (4)
- Emerson (1)
- Emmanuel Todd (1)
- Empédocles (1)
- Ennio Morricone (2)
- Ensino (8)
- Ericeira (1)
- Escultura (6)
- Espanha (2)
- Espinosa (1)
- Espuma dos dias (5)
- Ésquilo (1)
- Estado Islâmico (1)
- Estoicismo (2)
- Estranhos dias os nossos (2)
- Ética (10)
- EUA (19)
- Eugénio de Andrade (3)
- Europa (18)
- Famosos Barbudos (1)
- Fascismo (2)
- Fauna (40)
- Feira do Livro (2)
- Ferdinand Addis (1)
- Férias (2)
- Fernando Grade (1)
- Fernando Pessoa (17)
- Ficção (1)
- Ficção Científica (2)
- Fidel Castro (3)
- Figueiras (1)
- Filosofia (67)
- Finanças (1)
- Flora (11)
- Fogo (1)
- Fonte da Telha (1)
- Formosa (1)
- Fotografia (114)
- Foucault (5)
- França (5)
- Frank Herbert (2)
- Freitas do Amaral (1)
- Fukuyama (2)
- Futebol (23)
- Gabriel García Márquez (2)
- Galbraith (1)
- Garcia Lorca (3)
- Garzi (1)
- Geografia (29)
- Geologia (4)
- Geopolítica (16)
- George Steiner (14)
- Georges Moreau de Tours (1)
- Gerês (4)
- Globalização (15)
- Gonçalo Cadilhe (2)
- Gonçalo M. Tavares (1)
- Gonçalo Ribeiro Telles (1)
- Gore Vidal (3)
- Goya (1)
- Gramsci (1)
- Grandes Aberturas (8)
- Grécia (2)
- Grécia Antiga (10)
- Guadiana (5)
- Guerra (20)
- Guterres (2)
- Handel (1)
- Hannah Arendt (1)
- Harold Bloom (2)
- Hayek (1)
- Hegel (1)
- Henri Lefebvre (1)
- Henrique Raposo (1)
- Heraclito (7)
- Heródoto (5)
- Hervé Le Tellier (1)
- Hesíodo (7)
- Hillary Clinton (1)
- Hino (2)
- História (16)
- Hobsbawm (4)
- Homenagem (7)
- Homero (5)
- Horácio (4)
- Hubert Reeves (3)
- Hugo Chávez (3)
- Humanismo (2)
- Humor (1)
- Ian Bremmer (3)
- Ian Morris (1)
- Iconoclastia (2)
- Ideologia (8)
- Ignacio Ramonet (2)
- Ilíada (1)
- Iluminismo (2)
- Immanuel Wallerstein (1)
- Imprensa (1)
- Índia (2)
- Internacional (31)
- Iraque (1)
- Islão (3)
- Israel (5)
- Jacques Barzun (1)
- Jakob Schlesinger (1)
- James Knight-Smith (1)
- Japão (5)
- Jared Diamond (2)
- Jean Fouquet (1)
- Jihadismo (1)
- Jim Morrison (1)
- Jô Soares (1)
- João Lourenço (1)
- João Luís Barreto Guimarães (1)
- João Maurício Brás (9)
- João Salgueiro (1)
- João Villaret (1)
- Jogos Olímpicos (14)
- John Keegan (1)
- John Locke (1)
- Jonathan Swift (1)
- Jorge Luis Borges (1)
- Jornalismo (3)
- José Gil (4)
- Joseph Conrad (3)
- Joseph-Noël Sylvestre (1)
- Juliette Gréco (1)
- Justiça (1)
- Kamala Harris (1)
- Karl Polanyi (3)
- Karl Popper (1)
- Kazuo Ishiguro (1)
- Ken Follett (1)
- Kenneth Clark (1)
- Kolakowski (1)
- Kropotkin (1)
- Krugman (1)
- Lana Del Rey (1)
- Langston Hughes (1)
- Laurent Binet (1)
- Lavoisier (1)
- Leituras (10)
- Leon Tolstói (1)
- Leonardo da Vinci (4)
- Li Wenliang (1)
- Liberalismo (5)
- Liberdade (5)
- Lipovetsky (4)
- Lisboa (2)
- Literatura (10)
- Literatura pós-modernista (1)
- Livros (77)
- Livros Lidos (35)
- Lorca (3)
- Lou Marinoff (1)
- Lugares de Portugal (4)
- Macaulay (1)
- Madeira (1)
- Madeleine Albright (2)
- Madredeus (2)
- Madrid (1)
- Mafalda (1)
- Málaga (1)
- Manuel António Pina (1)
- Máquinas (6)
- Maradona (1)
- Marc Augé (1)
- Marcelo Rebelo de Sousa (2)
- Marco Aurélio (1)
- Maria Filomena Mónica (4)
- Maria José Morgado (1)
- Maria José Roxo (1)
- Marilyn (1)
- Mário Soares (1)
- Marques Mendes (2)
- Marte (3)
- Martin Landau (1)
- Martin Page (2)
- Marx (8)
- Marxismo (1)
- Matemática (1)
- Máximas pessoais (3)
- Medeiros Ferreira (1)
- Media (4)
- Mega Ferreira (1)
- Melville (3)
- Memória Esquecida (6)
- Michel Houellebecq (2)
- Michel Serres (1)
- Migrações (1)
- Miguel Ângelo (1)
- Miguel de Unamuno (2)
- Miguel Esteves Cardoso (2)
- Miguel Torga (5)
- Mikhail Gorbachev (1)
- Minho (1)
- Mitologia (3)
- Moçambique (1)
- Modernidade (3)
- Montesquieu (1)
- Morin (1)
- Morrissey (1)
- Mozart (1)
- Música (20)
- Mussorgsky (1)
- Nagasaki (1)
- Naide Gomes (1)
- Nanni Moretti (1)
- Natal (4)
- NATO (1)
- Natureza (1)
- Natureza Humana (1)
- Navios (2)
- Nazismo (1)
- Nelson Évora (1)
- Neoliberalismo (70)
- Niall Ferguson (3)
- Nietzsche (9)
- Noam Chomsky (1)
- Norman Davies (2)
- Notícia (2)
- Notícias do milagre económico (2)
- Nova Iorque (1)
- Nuno Rogeiro (3)
- O Neoliberalismo no seu Estertor (19)
- O neoliberalismo no seu melhor (9)
- Obama (6)
- Opinião (3)
- Oppenheimer (1)
- OqueStrada (1)
- Orlando Ribeiro (3)
- Ortega y Gasset (10)
- Orwell (2)
- Os touros querem-se vivos (2)
- Paco de Lúcia (1)
- Padre António Vieira (2)
- Paidéia (1)
- Paisagem (28)
- Paleontologia (2)
- Palestina (3)
- Palmira (1)
- Pandemia (9)
- Papa Bento XVI (4)
- Paquistão (2)
- Para memória futura. Ambiente. (1)
- Paris (2)
- Partidas (53)
- Pascal (1)
- Patrick Deneen (1)
- Patti Smith (1)
- Paul Valéry (2)
- Pelé (1)
- Pensamentos (54)
- Peter Sloterdijk (33)
- Phil Hansen (1)
- Píndaro (1)
- Pino Daeni (1)
- Pintura (83)
- Platão (3)
- Plutarco (1)
- Poder (1)
- Poe (1)
- Poemas da minha vida (9)
- Poesia (105)
- Política (161)
- Política Internacional (2)
- Porto (18)
- Portugal (59)
- Portugal é Paisagem e o Resto é Lisboa (9)
- Portugueses (5)
- Pós-modernidade (2)
- Praia (20)
- Pré-socráticos (1)
- Presidente Cavaco (23)
- Putin (4)
- Quino (1)
- Raça (1)
- Rachmaninov (1)
- Racismo (2)
- Rafael (3)
- Rafael Alberti (1)
- Reflexões (4)
- Reflexões sobre Reflexões (1)
- Reino Unido (6)
- Relações Internacionais (4)
- Religião (28)
- Rembradt (1)
- Renoir (1)
- Rentes de Carvalho (4)
- Respeito (2)
- Revolução Industrial (1)
- Revoluções (5)
- Ricardo Reis (1)
- Richard Dawkins (4)
- Richard Rogers (1)
- Rimbaud (2)
- Robert Capa (2)
- Roberto Bolaño (1)
- Rocha Pereira (1)
- Rodin (2)
- Roger Scruton (1)
- Roma (9)
- Rússia (4)
- Safo (1)
- Sal da Língua (1)
- Salazar (2)
- Samuel Barber (1)
- Samuel Huntington (1)
- Santa Sofia (1)
- Sean Connery (1)
- Sebastião Salgado (1)
- Seca (1)
- Século XX (2)
- Séneca (4)
- Sesimbra (2)
- Sevilha (4)
- Sexta Extinção (3)
- Shostakovich (1)
- Simões Lopes (1)
- Sionismo (1)
- Síria (9)
- Socialismo (1)
- Sociedade (22)
- Sociologia (11)
- Sócrates (2)
- Sófocles (2)
- Solidão (1)
- Sólon (2)
- Sorolla (1)
- Steven Pinker (2)
- Stiglitz (1)
- Sublinhado (24)
- Suiça (1)
- Sun Tzu (1)
- Suzanne Collins (1)
- T.E.Lawrence (1)
- Tabucchi (1)
- Telavive (1)
- Telescópio James Webb (1)
- Televisão (1)
- Terreiro do Paço (2)
- Território (1)
- Terrorismo (11)
- Thomas Friedman (2)
- Thomas Kuhn (1)
- Tim Marshall (2)
- Titã (1)
- Tocqueville (1)
- Toledo (2)
- Tom Lea (1)
- Tony Judt (10)
- Transformações Sócio-Culturais (1)
- Triste País (1)
- Trump (15)
- Turquia (2)
- Ucrânia (9)
- Ulrich Beck (6)
- Umberto Eco (8)
- União Europeia (25)
- Universidade (1)
- Urbanismo (2)
- Ursula von der Leyen (1)
- Utopia (1)
- Vargas Llosa (3)
- Vasco da Gama (1)
- Vasco Graça Moura (1)
- Vasco Pulido Valente (5)
- Venezuela (1)
- Verão (9)
- Violência Policial (1)
- Virgílio (1)
- Viriato Soromenho-Marques (1)
- Vital Moreira (1)
- Vítor Gaspar (1)
- Viviane Forrester (1)
- Vulcões (3)
- walt whitman (5)
- Walter Mittelholzer (1)
- Winston Churchill (2)
- Xenofonte (2)
- Yuval Harari (3)
- Zelensky (1)
- Zizek (2)
- Zurique (1)
- Zweig (6)